O Diabetes Mellitus é
uma doença relativamente comum, e é considerada uma epidemia mundial pela OMS, com estimativa que tenhamos 463 milhões de pacientes com a doença no mundo. Ela exige cuidados para não surgirem complicações que possam gerar
problemas sérios de saúde. Aquelas relacionados a quadros renais e
oftalmológicos estão entre as principais.
Preparamos um artigo
completo sobre essas questões. Continue lendo e tire suas dúvidas!
Caracterização do
Diabetes Mellitus
O Diabetes consiste em
uma alteração no metabolismo do corpo, caracterizada pelo excesso de açúcar no sangue (hiperglicemia). Isso ocorre devido à
baixa produção de insulina pelo pâncreas e/ou pela redução do seu efeito no
organismo.
A insulina é um
hormônio importante para o nosso organismo. Ela tem a função de quebrar as
moléculas de glicose (açúcar), transformando-as em energia para manutenção das
células do nosso organismo.
Essa doença já é
considerada uma epidemia em todo o mundo devido à proporção da população adulta
que atinge. No Brasil, ela já acomete aproximadamente 7,6% da população entre 30 e
69 anos e, ainda, estima-se que metade dos portadores não sabem que
apresentam o quadro.
Muitas vezes, o
Diabetes não é diagnosticado, justamente, por ser assintomático. Mas, em alguns casos, podemos encontrar sintomas, entre eles:
●
sensação de sede constante;
●
sensação de fome constante;
●
vontade de
urinar várias vezes ao dia;
●
mudanças de humor;
●
fadiga e cansaço constante;
●
perda de
peso sem causa aparente;
●
maior
dificuldade para cicatrização de feridas;
●
náuseas e vômitos;
●
fraqueza;
●
maior número de infecções.
Quando descoberta
precocemente, é possível realizar os tratamentos necessários para controlar a
glicemia e evitar complicações futuras. Contudo, quando a pessoa deixa de lado
essas questões, complicações sérias podem acontecer, e é o que você verá nos próximos
pontos deste artigo.
Complicações renais
do Diabetes Mellitus
É importante que você
saiba que pessoas com Diabetes Mellitus
têm maiores chances de desenvolverem complicações renais. Por isso é tão
importante manter os índices de glicose dentro do esperado.
Isso acontece porque,
quando há altos níveis de açúcar no sangue, os rins não conseguem fazer a
filtragem adequada para eliminar a glicose na urina. Isso compromete o
funcionamento deles, levando, também, à perda de proteínas na urina.
Ao longo do tempo,
esse processo pode causar danos nos rins e, consequentemente, produzir uma
patologia chamada nefropatia diabética. Saiba mais sobre ela a seguir.
Nefropatia
diabética
A nefropatia diabética
acontece por uma alteração nos vasos
sanguíneos dos rins, que faz com que ocorra a perda de proteínas na urina.
Com isso, os rins começam a perder a sua função até pararem de vez.
Por ser silenciosa,
muitos pacientes desenvolvem o quadro sem perceberem. Estima-se que 40% dos portadores de Diabetes terão
nefropatia diabética, sendo o principal fator que leva essas pessoas para a
diálise.
Para entender melhor
isso, é importante compreender como os rins funcionam. Eles são órgãos
importantes para filtrar substâncias do nosso sangue e eliminar as que forem
tóxicas por meio da urina. Assim, quando ficam sobrecarregados, tendem a
reduzir a sua capacidade, de forma progressiva, até pararem por completo.
Com isso, os rins
podem passar a falhar ao longo da vida, trazendo complicações para a saúde dos
pacientes. Por esse motivo, muitos deles podem precisar de sessões de
hemodiálise ou, ainda, de um transplante renal.
Para você ter ideia da
dimensão da situação, entre 25% e 35%
dos pacientes que realizam hemodiálise hoje fazem isso devido a complicações
geradas pelo Diabetes.
Alguns dos principais
sintomas da nefropatia diabética são:
●
aumento da pressão arterial;
●
falta de apetite;
●
enjoo;
●
fraqueza;
●
perda de sono;
●
inchaço;
●
dores ao urinar;
●
dores na
região dos rins.
Entretanto, muitas
vezes, esses sintomas aparecem quando os rins já estão em fase crítica. Por
isso, novamente, ressaltamos a importância do tratamento precoce e do
acompanhamento constante para evitar problemas.
Para diagnosticar
precocemente qualquer tipo de problema nos rins, os pacientes com Diabetes Tipo
1 e 2 fazem exames de microalbuminúria
eliminada na urina, que é um indicador relacionado à insuficiência renal
que permite identificar o quadro antes que ele se agrave.
Nos pacientes que têm
as taxas de glicemia controladas, é possível prevenir a nefropatia ou, caso já
tenham microalbuminúria na urina, pode-se evitar que o quadro piore.
Complicações
oftalmológicas do Diabetes Mellitus
O Diabetes afeta,
também, a visão do paciente, causando complicações oftalmológicas. Mas você
sabe por que isso acontece?
O excesso de glicose no sangue provoca o
inchaço do cristalino (lente
do olho), gerando mudanças significativas na estrutura ocular. Por exemplo, ele
passa a perder forma e flexibilidade, alterando o foco. Por isso, é muito comum
que esses pacientes tenham uma perda gradual de nitidez.
Nesse caso específico,
quando o Diabetes está controlado, essa estrutura volta ao normal, sendo um
quadro transitório. Contudo, o alto nível de açúcar no sangue pode
potencializar o surgimento de outras doenças oftalmológicas que podem,
inclusive, levar à cegueira total.
Conheça as principais
complicações a seguir.
Visão turva
A visão turva é um
quadro transitório em que a pessoa, quando está com os níveis de açúcar
elevados no sangue, passa a ter uma dificuldade maior para enxergar.
É importante ressaltar
que, se a glicose normalizar, a visão volta ao normal. Assim, esse pode ser um
sintoma de que há um pico e pode ser interessante realizar uma mensuração para
avaliar o quadro naquele momento.
Retinopatia
diabética
É uma doença
oftalmológica grave que pode se apresentar de duas formas:
●
não proliferativa — é a forma mais leve, que pode gerar uma
baixa perda da visão. Nesse caso, a doença fica apenas na parte da retina e não
afeta a mácula (parte dos olhos relacionada à nitidez da visão);
●
proliferativa — quando a glicose não está bem controlada, a doença pode evoluir e,
assim, prejudicar outras regiões dos olhos. Nesse caso, os vasos sanguíneos
ficam mais frágeis e começam a se romper mais facilmente, gerando sangramento e
líquido acumulado no centro do olho. Nesse ponto, ela pode gerar inchaço da
retina e, até mesmo, cegueira.
Catarata
Pacientes com Diabetes
têm mais chances de desenvolver catarata de forma prematura. É uma doença que
se caracteriza pela formação de algo que se assemelha a uma nuvem sobre a lente
do olho. A sensação é de que a visão fica turva.
Muitas pessoas não
notam isso porque, como a doença apresenta uma evolução gradual, elas não
percebem a alteração. Contudo, ao longo do tempo, essa visão turva pode
acarretar sérias dificuldades para enxergar.
Ela ocorre porque há
um engrossamento do tecido na lente dos
olhos. Para tratá-la, é realizada uma cirurgia que remove a lente
danificada e a substitui por uma similar, de plástico, que devolve a nitidez do
campo visual.
Glaucoma
O glaucoma é outra
doença que aparece de forma mais precoce em quem tem Diabetes. Ele acontece
devido ao aumento na pressão nos olhos e
começa a afetar o nervo óptico.
O seu principal
sintoma é a perda gradual da visão
lateral. O tratamento é realizado com colírios prescritos por um
oftalmologista para diminuir a pressão nos olhos e minimizar os riscos de
evoluir para perdas significativas da visão. Outra forma é a realização de
cirurgia a laser para reduzir a pressão ocular.
Como controlar a
doença e evitar complicações
Para evitar essas
complicações renais e oftalmológicas do Diabetes Mellitus, é importante
realizar o controle da glicemia para manter a sua saúde e qualidade de vida.
Mas como fazer isso?
Temos a tríade do
tratamento de excelência do Diabetes: medicamentos,
atividades físicas e alimentação. Vamos apresentar mais sobre cada uma
delas para ajudar você.
Medicamentos
Os medicamentos tem a
função de manterem o controle da glicose (açúcar), ajudando no tratamento para
o Diabetes Mellitus justamente por auxiliarem tanto na quebra da glicose
disponível no organismo quanto também no estímulo à produção de insulina.
Sempre opte pelos
tratamentos que seu médico de confiança passar. Não tome medicações sem
prescrição médica, mesmo que sejam indicados por familiares e amigos. Lembre-se
que o tratamento é feito para cada pessoa e, portanto, este tipo de conduta
pode prejudicar a sua saúde!
Atividades
físicas
A medicação sozinha
não é capaz de oferecer o tratamento necessário para evitar as complicações do
Diabetes Mellitus. As atividades físicas oferecem muitos benefícios para esse
processo, tais como:
●
melhoram a
ação da insulina no organismo;
●
permitem
melhorar o controle glicêmico;
●
minimizam
a mortalidade por complicações do Diabetes;
●
permitem
um maior controle da glicemia sem precisar aumentar a concentração das
medicações.
Não é só sobre o
Diabetes Mellitus que elas atuam. Outros benefícios que você terá na sua vida
são:
●
maior
disposição no dia a dia;
●
maior controle do colesterol;
●
menor
índice de doenças cardiovasculares;
●
melhora do
sono e redução da insônia;
●
melhoria da memória;
●
redução
das chances de desenvolver estresse crônico e depressão.
Além de tudo isso,
você verá que, com o passar do tempo, os exercícios também trazem maior
sensação de bem-estar e qualidade de vida.
Você pode se perguntar
agora: mas quais atividades físicas eu posso fazer para melhorar o controle do
Diabetes? A resposta é: todos. Desde que você não tenha nenhuma limitação
física, todos eles auxiliam.
O mais recomendado é
que você ache uma forma de aliar atividades aeróbicas e fortalecimento, o que
pode trazer muitos benefícios para a sua qualidade de vida. Mas o mais
importante é encontrar aquela que proporcione bem-estar ao realizá-la.
Alimentação
A alimentação tem um
papel fundamental para evitar as complicações do Diabetes Mellitus que listamos
aqui. Isso acontece porque é importante reduzir a disponibilidade de glicose no
organismo, facilitando a degradação pela insulina que o seu corpo consegue
produzir.
Para ter uma
alimentação mais saudável, você pode:
●
evitar o
excesso de sal;
●
hidratar-se
bem para facilitar o bom funcionamento dos rins e minimizar riscos de
complicações;
●
diminuir o
consumo de carboidratos complexos ou, sempre que for ingeri-los, combiná-los
com proteínas ou alimentos ricos em fibras. Então, se for comer arroz branco,
por exemplo, é interessante colocar uma salada de folhas para complementar;
●
fazer
pequenas refeições de três em três horas;
●
diminuir o
consumo de gorduras saturadas para evitar o sobrepeso;
●
reduzir o
consumo de alimentos industrializados;
●
dar
preferência a alimentos com baixo índice glicêmico (como aveia, batata-doce,
chocolate amargo, iogurte natural, soja, feijão, lentilha, entre outros) sempre
que for possível;
●
aumentar o
consumo de fibras;
● consumir frutas (mas evitar o exagero) e inserir alimentos que podem ajudar a quebrar o índice glicêmico. Por exemplo, acrescente farelos, iogurtes ou leite.
Com essas dicas, você
consegue minimizar as chances de complicações renais e oftalmológicas.
Lembre-se de que viver
com Diabetes Mellitus com qualidade de vida pode ser possível, basta manter os
cuidados em dia e realizar o acompanhamento constante com seu médico.
Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.