Você já ouviu falar sobre a síndrome da fragilidade? Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, essa condição clínica é genética e engloba vários fatores, como maior suscetibilidade de idosos a complicações de saúde física e mental e dificuldade para lidar com eventos estressores.
Essa síndrome afeta diretamente o envelhecimento do idoso acometido por ela, pois seu organismo não consegue responder adequadamente a inúmeras situações, desde tarefas básicas do cotidiano até o enfrentamento de outras condições crônicas de saúde. O idoso frágil tem menos força física, disposição e energia mental para reagir a tudo isso.
É muito importante compreender quais são os aspectos que aumentam a fragilidade dessas pessoas idosas para identificar alternativas que reduzam os inconvenientes em sua velhice e aumentem o seu bem-estar.
Portanto, neste artigo, você verá os
principais desafios e características de um idoso frágil, além de conhecer
algumas possibilidades para minimizar as complicações da síndrome da
fragilidade. Acompanhe os detalhes!
Condições crônicas de saúde
Em primeiro lugar na nossa lista estão as condições crônicas de saúde, pois demandam uma série de cuidados específicos e contribuem para que a pessoa idosa se sinta mais fragilizada.
Com o avanço da idade, todo o corpo envelhece. Ou seja, as reações do organismo são naturalmente mais lentas e, muitas vezes, precisam de suporte externo para serem eficazes.
Quando acontece a soma dos processos naturais do envelhecimento com as condições crônicas de saúde, mais a síndrome da fragilidade, o resultado é que os sintomas se intensificam, o que modifica alguns comportamentos dos idosos, como a agilidade mental, o humor e a capacidade de resposta física.
Sabe quando uma pessoa idosa diz que o seu
corpo não é mais como antes ao tentar fazer alguma atividade mais vigorosa ou
que exija um raciocínio acelerado? Então, para o idoso frágil é como se essa
sensação fosse ampliada. As condições cardiovasculares, diabetes, hipertensão,
osteoporose e outros quadros de saúde crônicos são mais debilitantes e diminuem
seu bem-estar físico e mental.
Alterações imunológicas
Como vimos no tópico anterior, o organismo do idoso frágil tem um ritmo de funcionamento diferenciado, e as suas respostas fisiológicas são menos eficientes do que as esperadas para a faixa etária.
Por isso, outro ponto importante que se relaciona a essas questões é a vulnerabilidade do seu sistema imunológico, que já não consegue dar conta de todas as ameaças ao corpo.
Em consequência, esses idosos que sofrem grandes alterações em sua imunidade ficam ainda mais suscetíveis a novas enfermidades e a mudanças em seu estado emocional. Ou seja, se instala um ciclo complexo entre baixa imunidade e condições clínicas de saúde.
Existem alguns fatores que prejudicam ainda
mais o sistema imune, como:
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Uma alimentação deficiente em
vitaminas e nutrientes;
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Estresse constante e situações
que interfiram na regulação hormonal;
●
Qualidade do sono;
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Predomínio de comportamentos
sedentários e falta de atividade física.
É muito importante cuidar desses aspectos
para que o sistema imunológico consiga entregar o máximo de desempenho, mesmo
dentro das condições genéticas de fragilidade.
Redução da mobilidade
Essa é uma das questões que mais caracteriza o idoso frágil, pois ele tem a massa muscular e a força corporal reduzidas. A falta de mobilidade, tanto para a movimentação dos membros superiores quanto para os inferiores, limita muitas das atividades que a pessoa idosa consegue fazer sem ajuda.
Além de causar extremo desconforto para esses idosos, que perdem muito de sua autonomia e independência, essa fragilidade demanda empatia e paciência daqueles que exercem a função de cuidado e auxílio.
Em alguns casos, as funções de locomoção são as mais afetadas. Já em outros, até as tarefas mais básicas se tornam desafiadoras, como comer, escovar os dentes e vestir a roupa.
É preciso ter muita atenção a esses
fatores, pois a dificuldade em controlar
os movimentos do corpo, sustentar o próprio peso e lidar com as alterações
no equilíbrio podem provocar sérios acidentes domésticos e quedas, impactando
ainda mais a mobilidade e também alterando o psicológico desse idoso.
Redução da habilidade de
comunicação
Existem dois ângulos importantes a serem avaliados quando existe alguma dificuldade de comunicação por parte dos idosos frágeis. O primeiro deles diz respeito às limitações funcionais e mentais da fala, atribuídas a um outro quadro de saúde, por exemplo um Acidente Vascular Encefálico (AVE) que deixou sequelas.
Já a outra situação que pode ocorrer, e que
indica que a pessoa idosa está fragilizada psicologicamente, é a redução da
comunicação por vontade própria. Essa segunda condição, em geral, se relaciona
a fatores emocionais, como:
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Sentimento de inadequação;
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Humor deprimido e tristeza;
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Medo de ser um incômodo;
●
Sensação de estar excluído das
conversas e assuntos;
●
Cansaço e desesperança diante
dos desafios da vida.
Nos dois panoramas apresentados, pode haver dificuldade da pessoa idosa expressar sintomas físicos e mentais, necessidades, desejos e suas angústias. Também há um impacto na sua autonomia para dizer o que quer ou não fazer diante das situações.
Quando são causas físicas que geram esses desafios, como as sequelas de um AVE que citamos, a opção é encontrar adaptações para melhorar a comunicação. Já quando o que se sobressai são as questões emocionais, o ideal é lidar com elas prioritariamente.
É importante estimular a comunicação dos idosos frágeis nas atividades de
convivência familiar e social, nos momentos de tomar decisões.
Principalmente, é essencial garantir que eles sejam ouvidos, mesmo diante de
suas limitações.
Sonolência
Você já notou como é comum as pessoas idosas dormirem pouco à noite, mas tirarem vários cochilos durante o dia? De acordo com a cartilha Atenção à Saúde do Idoso: Aspectos Conceituais, da Organização Mundial da Saúde, isso acontece porque há uma alteração nos padrões de sono dos idosos.
Em resumo, nosso sono é dividido em dois
momentos: um em que o estado de consciência se altera menos profundamente, e
ainda há um movimento dos olhos, e outro em que há um desligamento reversível
mais intenso.
Esse segundo estágio é o mais impactado na velhice. Então, a pessoa idosa passa a ter mais sono durante o dia, porque não conseguiu repor as energias completamente durante a noite.
Para o idoso frágil, essa alteração nos
ciclos de sono pode gerar um estresse excessivo com o qual seu organismo tem
dificuldade em lidar. Isso pode afetar, dentre outros fatores, o seu estado de
humor, sua capacidade de atenção, o sistema imune e a disposição para as
rotinas.
Alteração nas funções
cognitivas
De forma geral, o processo do envelhecimento tende a alterar algumas das nossas funções cognitivas, como a memória e a velocidade do raciocínio. No entanto, no caso dos idosos frágeis, a cognição é comprometida de maneira mais expressiva, principalmente se houver outras condições de saúde psicológicas e mentais. Por isso, é importante agir de maneira a evitar o surgimento de quadros como esses.
Existem algumas ações que ajudam a prevenir
o desenvolvimento da depressão, da ansiedade e de outros distúrbios
psicológicos em qualquer pessoa, especialmente em idosos fragilizados. Veja
algumas delas:
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Meditar e praticar o
autoconhecimento;
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Fazer atividades que estimulem
a memória e o raciocínio, como ler e completar palavras-cruzadas;
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Socializar e ter contato com a
família;
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Manter alguns hobbies;
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Cuidar da alimentação;
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Evitar comportamentos
sedentários, incluindo atividades físicas e exercícios físicos supervisionados
pelos profissionais de Educação Física e de Fisioterapia.
Além de colaborarem nas funções cognitivas dos idosos frágeis, essas ações ajudam a prevenir o surgimento de outros inúmeros transtornos, além de garantir o equilíbrio e a manutenção da saúde mental.
Esses são alguns dos principais fatores da velhice que sofrem alterações por conta da síndrome da fragilidade e demandam muita atenção por parte da família, dos cuidadores e de todos os profissionais de saúde envolvidos no apoio ao idoso frágil.
O acompanhamento familiar e multiprofissional adequado — com geriatras, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, profissionais de educação física e outros —, é essencial. Com as práticas de cuidado que citamos ao longo do texto, esse acompanhamento permite que o envelhecimento desses idosos aconteça de forma saudável e com qualidade de vida.
Por fim, se você que está lendo esse artigo se encontra nessa fase da vida ou possui algum familiar nessa condição a quem gostaria de auxiliar, conheça o programa de saúde da Medicina Preventiva chamado Serenidade (Envelhecimento Saudável). Composto por encontros online com uma equipe multidisciplinar, nele você obterá orientações e dicas práticas para o dia a dia com o objetivo de trazer ainda mais qualidade de vida e saúde para a população idosa durante o processo de envelhecimento.
Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.