A pré-diabetes é uma condição clínica muito frequente entre os brasileiros e está relacionada ao metabolismo da glicose, sendo considerada um estágio antes do desenvolvimento da diabetes.
Neste texto, abordaremos quais são os sintomas dessa condição, quando procurar ajuda médica, os hábitos comportamentais que influenciam nesse processo e também as formas de prevenção.
Ficou interessado? Então, fique por aqui e
aprenda mais sobre esse tema que gera tantas dúvidas nos pacientes!
Como se desenvolve a diabetes?
A pré-diabetes é um estágio que pode se
desenvolver antes da diabetes,
condição relacionada ao metabolismo da glicose. Por isso, vamos explicar em um
primeiro momento:
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Como funciona o metabolismo da
glicose;
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De que forma ocorre o
desenvolvimento da diabetes.
Metabolismo da glicose
Sabemos que a glicose é o combustível de todas as células do organismo, certo? Ela é gerada após a decomposição dos carboidratos. Ou seja, quando nos alimentamos, o carboidrato é quebrado por meio de enzimas específicas para ajudar na sua absorção.
A partir do momento em que a glicose está disponível no sangue, a insulina (hormônio produzido pelo pâncreas), ajuda a transportar essa molécula para o interior de todas as células, garantindo energia para os processos metabólicos.
Porém, existem doenças que danificam o
pâncreas, reduzindo ou eliminando a produção de insulina, e o resultado é uma
série de alterações bioquímicas que ocorrem no organismo, trazendo um estado de
hiperglicemia (grande concentração de glicose no sangue).
Diabetes tipo 1 e 2
Geralmente, a diabetes que se desenvolve na infância é causada pela destruição do pâncreas pelas células de defesa do nosso próprio organismo. Por isso, ela é considerada uma doença autoimune. Essa é a diabetes do tipo 1, que pode ser causada por outros fatores, sendo que o resultado é a ausência de produção de insulina.
Já a diabetes que costuma ocorrer após os 40 anos de idade está mais relacionada aos hábitos de vida, principalmente devido ao aumento de peso corporal (sobrepeso), sedentarismo, uso crônico de medicamentos, entre outros fatores. Essa é a diabetes do tipo 2, sendo que, nesse caso, a produção de insulina é reduzida gradativamente e pode até ser interrompida.
Então, quando as células do pâncreas não produzem insulina suficiente, o sistema metabólico do organismo é desregulado, levando à hiperglicemia. Isso gera cansaço, uma vez que o organismo não tem o combustível ideal para o funcionamento adequado das células.
Como não há glicose dentro das células, é
preciso produzir energia de outra fonte. Nesse caso, os aminoácidos,
substâncias provenientes da quebra das proteínas, atuam como fontes de energia
alternativa, assim como os ácidos graxos, que são obtidos pela quebra de
gordura. Porém, o processo não é tão eficaz, prejudicando os demais processos
metabólicos.
O que é a pré-diabetes?
Esse estado é definido quando os níveis de glicose estão alterados, podendo apresentar alguns sintomas característicos, porém com valores abaixo do que é considerado diabetes.
É o que os especialistas costumam denominar
como um estado de alerta, ou seja, é um ponto crucial para mudar o estilo de
vida e evitar o aparecimento da diabetes. Isso é importante uma vez que, na
maioria das vezes, há fatores de risco que podem ser modificados.
Quais são os fatores de risco?
Os fatores de risco para o desenvolvimento da pré-diabetes são praticamente os mesmos do que para a diabetes tipo 2, que é mais comum nos adultos a partir dos 40 anos de idade, obesos, sedentários e com uma alimentação desbalanceada.
Isso porque, com o avanço da idade, os sistemas de regulação do organismo se tornam mais lentos, sendo necessário ter um olhar mais cuidadoso com a saúde, principalmente para aquelas pessoas que já têm casos de diabetes tipo 2 na família.
Em relação à obesidade, já foi comprovado que existe relação entre o sobrepeso e o risco de desenvolver pré-diabetes e diabetes. Isso acontece porque as células formam uma camada de gordura que impede a entrada da glicose nas células, gerando o estado de hiperglicemia.
Esse fator também explica porque as pessoas que não praticam exercícios físicos têm um risco maior de desenvolver a pré-diabetes. O sedentarismo contribui para o desenvolvimento ou manutenção do sobrepeso, aumentando a taxa de gordura, gerando o mesmo mecanismo.
Aqueles indivíduos que têm uma alimentação desbalanceada, com baixo valor nutricional, são grandes candidatos a ter problemas metabólicos no futuro também, como o desenvolvimento da pré-diabetes.
Um dos vilões da alimentação não saudável são os carboidratos simples, que aumentam a glicose sanguínea rapidamente. Eles costumam estar presentes nos doces, guloseimas, entre outros. O problema é que esses nutrientes, além de terem valor nutricional baixo, acabam sobrecarregando os sistemas metabólicos.
Nesse sentido, deve ser evitado o consumo frequente de salgadinhos tipo snacks, refrigerantes, assim como outros alimentos processados e ultraprocessados, pois eles têm uma grande quantidade de conservantes, sódio e açúcar. Inclusive, os especialistas alertam que esse tipo de alimentação contribui também para o aparecimento ou agravamento de outras doenças, como pressão alta.
A gravidez é outro fator de risco para o
desenvolvimento da pré-diabetes, principalmente quando ocorre um ganho de peso
superior ao recomendando para esse período. Portanto, as grávidas devem
realizar o exame de glicose sempre que solicitado pelo profissional de saúde.
Quais são os sintomas?
Os sintomas da pré-diabetes são os mesmos
daqueles indivíduos com diagnóstico recente de diabetes, porém é comum o
paciente não apresentar sintomas ou, se os tiver, não associá-los a algo
relacionado a esse processo.
Esses sintomas têm relação com a elevação
da glicose sanguínea (hiperglicemia). A seguir, explicamos alguns.
Polidipsia
A polidipsia é o termo técnico para sede excessiva. Esse sintoma é uma reação do organismo para tentar diminuir a quantidade de glicose no sangue e facilitar a excreção. O sangue com grande quantidade de glicose é mais espesso e tem mais dificuldade de circular pelos vasos sanguíneos.
Então, como mecanismo de regulação, os rins
trabalham mais, e, com isso, a pessoa urina mais também, sendo a sede um
mecanismo para compensar essa situação.
Polaciúria
A polaciúria se manifesta como uma maior
frequência nas micções (ato de urinar). Veja que esse sintoma é a consequência
da polidipsia, pois o organismo está tentando regular a situação do excesso de
glicemia.
Fraqueza
Como a glicose não está entrando nas células,
o indivíduo tende a ficar mais cansado. A falta de glicose dentro das células
afeta inclusive a região cerebral, e a pessoa pode ter dificuldades de
concentração, memória e outras atividades cognitivas.
Maior propensão a desmaios
Em decorrência da falta de glicose no
cérebro e como mecanismo protetor, ocorre esse apagão que também pode estar
relacionado à pressão arterial baixa.
Fome excessiva
O indivíduo come mais do que o normal para
sua idade, estatura e porte físico, na esperança de obter mais energia. Mas
como o mecanismo está desregulado, na maioria das vezes não ocorre um aumento
significativo no peso corporal.
Como obter o diagnóstico?
O diagnóstico da pré-diabetes é confirmado por exames laboratoriais. Os valores da glicemia para que o indivíduo tenha a confirmação estão próximos aos de uma condição diabética.
No entanto, é preciso ter muita cautela no diagnóstico, sendo fundamental a avaliação do médico. Isso porque diversos fatores, como o uso de medicamentos, podem demonstrar um valor alterado da glicemia, mas não necessariamente isso significa uma situação de pré-diabetes.
Então, uma análise global do paciente,
verificando os hábitos de vida, as condições em que foram realizadas o teste,
os medicamentos utilizados e o estado emocional da pessoa são de extrema
importância.
Quais são as formas de
tratamento?
A partir do resultado, o médico que acompanha o paciente definirá a estratégia mais adequada. Algumas pessoas conseguem normalizar os níveis de glicose do sangue apenas com a mudança no estilo de vida, enquanto outras precisam associar com os medicamentos prescritos pelo médico.
Contudo, é fundamental destacar que as mudanças no estilo de vida mais saudável são sempre desejáveis para evitar o desenvolvimento de qualquer condição clínica. Por isso, pense primeiro em abandonar os hábitos negativos e inicie ou mantenha os hábitos positivos.
Confira algumas recomendações a seguir:
Elimine o tabagismo
Não existe limite seguro para o hábito de fumar, e as consequências a longo prazo são desastrosas. Portanto, quanto antes a pessoa deixar de fumar, melhor será para sua saúde.
Sabemos que, para algumas pessoas, dar o passo rumo a cessação do tabagismo é bastante desafiador. Assim, uma vez que a decisão tomada, é imprescindível buscar ajuda médica para facilitar a adesão ao tratamento.
Para aqueles indivíduos que já tomaram a
decisão de parar de fumar mas ainda não conseguiram por esforços próprios, é
sempre recomendável buscar os grupos de apoio e terapia.
Invista em uma alimentação
nutricional de qualidade
As mudanças no estilo de vida incluem mudanças na alimentação, com a substituição de alimentos não saudáveis por opções com alto valor nutricional. Inclusive, isso passa pela redução do consumo de produtos industrializados e ultraprocessados.
Você não vai precisar dizer adeus àquele bolinho da tarde ou chocolate quente, mas é preciso equilibrar o consumo desses alimentos com outros de elevado valor nutricional e que te deixam saciado também.
Como uma equipe multidisciplinar engajada e
com atendimento humanizado, é possível conciliar esses desejos com uma
alimentação saudável. Todavia, a força de vontade é individual e deve sempre
ser cultivada.
Opte por alimentos orgânicos
Investir em comida caseira, de preferência com alimentos orgânicos, utilizar temperos naturais e frescos, inserir fibras solúveis e insolúveis na dieta e manter a regularidade de horário nas refeições são pontos essenciais.
Atualmente, é possível fazer receitas diferentes, saudáveis e atrativas ao paladar. Você também pode congelar porções para facilitar o cotidiano e diminuir as possibilidades de desistir dessa mudança de hábitos.
Para aqueles que têm outros fatores de
risco, como hipertensão, doenças cardiovasculares, entre outros, a equipe
clínica pode optar pela prescrição de medicamentos para normalizar os níveis de
glicose.
Controle o estresse diário
Outro ponto de grande importância que serve para todos os indivíduos é tentar controlar o estresse, evitando brigas desnecessárias e outras situações que desencadeiam reações negativas no organismo. O acompanhamento psicoterapêutico é sempre recomendável.
Às vezes, uma caminhada diária ao ar livre, encontros periódicos com amigos e família ou mesmo iniciar uma atividade que seja prazerosa pode modificar significativamente as formas de lidar com o dia a dia.
Recomenda-se aulas de danças, cursos culinários, computação, yoga, jogos de tabuleiro, entre tantas opções que vão de acordo com a preferência, a adaptação da agenda diária e do custo.
Como vimos, a pré-diabetes é uma condição provisória, que pode ser revertida modificando os hábitos de vida e aderindo às estratégias indicadas pelos profissionais de saúde.
É importante reforçar que a motivação de cada paciente é fundamental para melhorar a prevenção e evitar que a pré-diabetes evolua para uma condição de diabetes, assegurando uma melhor qualidade de vida.
Por isso, foque no autocuidado e nas ações em prol das mudanças internas para a preservação da sua saúde - inclusive, o programa da Medicina Preventiva sobre Mudança de Estilo de Vida pode te ajudar com isso na prática! Por fim, procure ajuda médica quando identificar sinais e sintomas suspeitos.
Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.