Não é à toa que o
intestino é conhecido como o segundo cérebro do corpo. Ele não serve apenas
para absorver nutrientes e eliminar toxinas. Para se ter uma ideia, em seu
interior, há 500 milhões de neurônios — e são eles que possibilitam os
movimentos peristálticos. É lá que reside a maior parte das células do sistema
imune, por isso, o que você come impacta tanto na saúde, como no aparecimento
de doenças inflamatórias intestinais.
Nosso bem-estar mental
e físico influenciam diretamente no bom funcionamento desse órgão tão
importante. Então, este artigo vai explicar como surgem alguns males que o
afetam e como tratá-los — visto que os casos têm aumentado bastante.
Quer descobrir quais
são? Continue a leitura!
O que são doenças
inflamatórias intestinais?
A Sociedade Brasileira de Coloproctologia elegeu
maio como o mês de conscientização sobre as doenças inflamatórias intestinais
(Maio Roxo). Estima-se que, no Brasil, a cada 100 mil pessoas, 100 apresentam
uma delas. Mas o que são elas — também conhecidas como DIIs?
Chama-se de doença
inflamatória intestinal qualquer inflamação crônica na região do intestino.
Apesar de poder aparecer em qualquer idade, são mais comuns em indivíduos de 15
a 35 anos.
A parte mais afetada
do intestino, nesses casos, tende a ser o cólon, que é
responsável por extrair água e sais minerais do que comemos. Tais doenças podem
ou não estar associados ao aparecimento de um câncer a longo prazo (vale
ressaltar que o câncer colorretal é o segundo mais frequente no Brasil).
Quais são os
sintomas?
Quem tem alguma doença
inflamatória intestinal pode apresentar desconfortos no abdome, cólicas,
alternância entre períodos de diarreia e constipação, excesso de gases e
sensação de esvaziamento completo do intestino.
O que desencadeia
esses sinais é o contato com um agente infeccioso. Ao se deparar com a ameaça,
a resposta do organismo será anormal, prejudicando as células do intestino e,
assim, causando efeitos inesperados.
Vale destacar que o
hábito de fumar, o uso de anticoncepcionais e uma dieta rica em açúcar têm maior potencial
para despertar uma crise.
O que causa as
doenças inflamatórias intestinais?
Ainda se tem muito
caminho a percorrer quando o assunto é identificar as causas desse tipo de
enfermidade. Por outro lado, o que se sabe até aqui é que elas podem ter origem
genética.
Variantes nos genes podem levar ao desenvolvimento da doença de
Crohn em um estágio mais grave, na região perianal. Outra causa conhecida é
alguma disfunção no funcionamento do intestino ou na microbiota intestinal.
Quais são as
principais?
Os sintomas dessas
doenças são parecidos não apenas entre si, mas com outros problemas de saúde.
Por isso, é importante conhecê-las bem para facilitar o diagnóstico por um
gastroenterologista.
Entenda melhor, a
seguir!
Doença de Crohn
Em geral, a doença de
Crohn atinge o íleo e o cólon. Por estarem localizados próximo ao apêndice, é
comum que a pessoa acredite estar passando por um episódio de apendicite.
Trata-se, contudo, de
uma grave inflamação intestinal — que não tem cura. Embora se inicie no
intestino, suas complicações vão além desse órgão, como a trombose e a anemia.
Retocolite
ulcerativa
Os sintomas da
retocolite ulcerativa e da doença de Crohn são muito parecidos. A diferença
aqui é que, além do cólon, a área mais afetada é o reto, onde a inflamação
começa.
O portador pode sentir
fortes crises de diarreia, chegando a evacuar com sangue e várias vezes por
dia. Além disso, apresenta febre e dor abdominal.
Diante desse quadro, a
primeira atitude deve ser buscar a avaliação de um gastroenterologista, que vai
iniciar a pesquisa solicitando um exame de fezes para descartar parasitoses.
Colite
É chamada de colite
uma inflamação no cólon (intestino grosso). Assim como as outras, é uma doença
que dá seus primeiros sinais cedo, podendo aparecer ainda na adolescência — a
partir dos 14 anos. Quem a tem costuma sentir excesso de gases, desconfortos abdominais,
sangue nas fezes e alternar episódios de constipação e diarreia.
Como evitá-las?
Quando existe
histórico familiar, não há muito o que fazer além de ficar atento e rastrear a
menor possibilidade do aparecimento. No entanto, hábitos como o tabagismo e a
má alimentação devem ser combatidos.
O açúcar é altamente inflamatório para o intestino, logo, o consumo constante
pode fragilizar o órgão — fora os demais danos causados aos rins e ao pâncreas.
No caso de quem fuma e se torna predisposto a ser diagnosticado com o problema,
esse é mais um motivo para abandonar a dependência.
As doenças
inflamatórias intestinais exigem uma série de exames para serem descobertas. A
colonoscopia é uma delas. Geralmente, ela é recomendada para quem passou dos 50
e só deve ser feita de 5 em 5 anos — mas, quando há a suspeita, é uma das
primeiras solicitações do proctologista.
Como é o
tratamento?
Ainda não há cura para
essas enfermidades. Porém, com o uso adequado da medicação, é possível
preservar a qualidade de vida.
A primeira estratégia
é o uso da mesalazina e dos corticoides. Se não funcionarem, o médico pode
passar uma nova remessa, composta por imunossupressores. Caso a falha persista,
ele pode fazer uma terapia mais tranquila, com injeções que limitam a inflamação.
Em última instancia, é recomendada a cirurgia, a fim de remover as áreas que
estiverem danificadas.
Vale ressaltar que
qualquer medicação deve respeitar a orientação médica — desde a dosagem, até o
tempo de tratamento. Estar atento aos sinais apontados aqui é essencial para
evitar que a doença se agrave e acabe evoluindo para um quadro ainda mais preocupante,
como um câncer.
Por fim, é importante
citar que a saúde mental impacta diretamente no intestino. É comum que pessoas
muito ansiosas ou estressadas tenham mais dificuldade para ir ao banheiro.
Então, controlar as emoções — se possível, fazendo acompanhamento com um psicólogo
— ajuda a prevenir (ou não piorar) essas e outras doenças.
Ainda que não tenham
cura, as doenças inflamatórias intestinais podem ser controladas e permitir
qualidade de vida a quem as tem. Todavia, nesses casos, é indispensável tomar
os remédios conforme recomendado e fazer visitas periódicas ao gastroenterologista
— sem mencionar o consumo de água e a dieta alimentar, que exige ainda mais consciência de sua
importância.
Quer se aprofundar
nesse tema? Saiba mais sobre a campanha que visa conscientizar sobre o câncer colorretal!
Conteúdo revisado pelo Conselho Técnico da Unimed Campinas.