O câncer colorretal é considerado o segundo tipo de câncer mais frequente do Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa é de 45.630 casos por ano no país no período de 2023 a 2025.
Muito se fala sobre
essa doença associada a pele, as mamas e a próstata, mas pouco se sabe sobre a
sua versão que se apresenta no intestino grosso e já é a segunda mais comum no
Brasil — tanto que sua
prevenção ganhou uma campanha própria: Março Azul Marinho.
Como boa parte dos
tipos de câncer, o melhor caminho para o tratamento é o acompanhamento médico, que possibilita um diagnóstico precoce e uma
prevenção eficiente.
Com isso em mente,
produzimos este conteúdo com a colaboração da Dra. Nadia Sclearuc de
Siqueira (CRM 104136-SP) — médica oncologista que compõe o
quadro de profissionais da saúde da Unimed Campinas. Descubra mais sobre a
campanha, nos próximos tópicos!
O que significa Março
Azul Marinho?
A campanha de
conscientização Março Azul Marinho possui o mesmo propósito que a Outubro Rosa e Novembro Azul: o foco na prevenção do aparecimento de
tumores — neste caso, na região do intestino grosso, cólon, reto e ânus.
A iniciativa foi
criada pela Organização Mundial da Saúde, pois o aumento de casos desse mal tem
chamado a atenção das autoridades de saúde.
Para se ter uma ideia,
há cinco anos, o Brasil tinha cerca de 25 mil novas ocorrências por ano. Para
2023, a estimativa é de 44 mil
ou mais. Em países
considerados mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, a incidência é ainda
maior, de acordo com o Grupo de Câncer Colorretal do Instituto Nacional do
Câncer (Inca).
Qual é a
importância da prevenção contra o câncer colorretal?
Com um aumento tão
expressivo na quantidade de casos, é necessário alertar a população sobre a
relevância da prevenção, que é possível com pequenas mudanças nos hábitos de
vida — em especial, os que estão relacionados à alimentação.
Como o intestino
grosso é um dos responsáveis pela digestão, é essencial a alimentação saudável
rica em fibras e com controle da quantidade de gorduras.
Em geral, quando
diagnosticado, o tumor já está grande. Porém, naturalmente, ele chegou a esse
tamanho com o tempo. Se constatado quando ainda era um pólipo (crescimento de
tecido), por meio da colonoscopia, as chances de cura e regressão seriam bem
maiores. Na verdade, o próprio exame, em alguns casos, permite a retirada
completa do tumor.
Se forem pequenos
pólipos, o proctologista — especialidade médica responsável por essa parte do
organismo — consegue removê-los na hora do exame. Assim, nem uma cirurgia seria
necessária.
“Os pólipos são lesões pré-neoplásicas. Em resumo, trata-se de uma lesão pré-maligna, ainda não é um tumor invasivo. O diagnóstico, nesse momento, é decisivo, porque ainda não houve a disseminação das células cancerígenas para outras partes do organismo.”, explica a Dra. Nadia Sclearuc de Siqueira. Ao identificá-lo, o médico já realiza a remoção para que a situação não avance. Caso não haja sinais de tumor algum na região, só é necessário repetir periodicamente conforme os achados prévios.
Identificar os fatores de risco para o câncer colorretal é fundamental para prevenção da doença. Devemos lembrar que alguns fatores de risco para o câncer colorretal são modificáveis. Algumas mudanças no estilo de vida e na rotina, hábitos alimentares saudáveis e a realização de atividades físicas podem contribuir para a prevenção da doença. Reforçar também a importância do acompanhamento médico de rotina para realização do rastreamento da doença e cuidado contínuo.
Quais são os
sintomas do câncer colorretal?
Assim como outros tipos de câncer, nem sempre o colorretal manifesta sinais expressivos. Entretanto, de acordo com a especialista, os sinais que a doença dá variam de acordo com a localização do tumor, embora estejam associados ao hábito intestinal da pessoa. “Se notar sangue na hora de evacuar, seja no vaso ou nas fezes, e isso se tornar frequente, é preciso acionar o profissional médico”.
Dra. Nadia destaca que em alguns casos o sangramento intestinal (às vezes invisível à inspeção) pode manifestar os sintomas relacionados à anemia associada à deficiência de ferro. Essa possibilidade reforça a necessidade de ir ao consultório mesmo quando se acredita ser algo mais simples.
Além do sangramento, o
câncer colorretal pode apresentar:
●
constipação
ou diarreia;
●
sensação
de inchaço abdominal;
●
perda de
peso;
●
cansaço
constante.
É importante, diante
de qualquer suspeita, comunicar a um médico da área e realizar exames para ter
um diagnóstico preciso.
Como prevenir o
câncer colorretal?
A proctologia — diferente de urologia ou cardiologia, por exemplo — não é uma especialidade médica muito familiar às pessoas. Em partes do Brasil, há poucos profissionais à disposição, o que dificulta o reconhecimento de tumores e o tratamento. Portanto, em caso de sintomas suspeitos o paciente deve procurar o clínico de sua confiança que o mesmo prosseguirá sua investigação.
Infelizmente, quando o diagnóstico ocorrer em fase mais avançada ele pode envolver outros órgãos como fígado, pulmões, entre outros, reduzindo a possibilidade de cura.
É importante ficar de olho, principalmente, se fizer parte do grupo de risco. Dra. Nadia destaca que cerca de 5 a 10% podem ser hereditários. A pessoa já nasce com uma determinada mutação em um gene e neste caso o ideal seria fazer o diagnóstico antes mesmo de desenvolver o câncer e ser orientado para estratégias de rastreamento por exemplo com a colonoscopia antes da faixa etária habitual da população em geral. Quando há vários casos de câncer na família e particularmente em idade mais jovem do que a usual, deve levantar a suspeita e partir em busca de uma avaliação oncogenética para a avaliação de predisposição hereditária para o câncer.
O mesmo se recomenda a
quem tem ou teve outras doenças intestinais inflamatórias, como retocolite
ulcerativa, doença de Cronh ou fez alguma sessão de radioterapia na região
pélvica e/ou abdominal.
De modo geral, o
melhor caminho é prevenir. Entenda, a seguir, como fazer isso!
Tenha uma
alimentação rica em fibras
Conforme o consumo de alimentos
industrializados aumenta
entre as pessoas, menos elas comem o que o organismo realmente precisa para se
manter saudável — e as fibras estão nesse pacote.
No intestino, elas
funcionam como um agente de limpeza, higienizando o intestino grosso. Com a
"sujeira acumulada", a incidência da doença aumenta.
Reduza o consumo
de carne vermelha
Vai assar carne no
churrasco de domingo? Cuidado: as mais gordurosas são ricas em hidrocarbonetos,
substâncias altamente cancerígenas. Carne assada demais ou queimada também faz
muito mal. Portanto, dê preferência às cozidas e acompanhadas de legumes, pois
a água retém seus nutrientes. Não há nenhum mal nos
consumos esporádicos, porém o ideal é reduzir a quantidade e os dias de consumo
dessas porções menos saudáveis.
Tenha um boa
higiene bucal
O sistema digestório
começa na boca e termina no intestino grosso. Logo, a qualidade do que entra
faz diferença para a saúde do sistema como um todo — e a higienização está
inclusa nisso.
Existe uma bactéria
que favorece o desenvolvimento do câncer colorretal, chamada Fusobacterium
nucleatum. Assim, escovar os dentes no mínimo 3 vezes por dia e usar o fio
dental pode contribuir no benefício de redução dessa colonização.
Faça o exame de
colonoscopia
A colonoscopia é um
exame realizado no interior do cólon e do reto. Usa-se um colonoscópio — um
tubo fino e flexível, que possui uma câmera com luz na extremidade. Esse
aparelho permite identificar lesões, pólipos e tumores na região. Geralmente, é
recomendado quando o paciente manifesta algum sintoma que sugira uma condição
patológica na área.
A partir dos 45 anos, recomenda-se que seja feito a cada dez anos, a não ser que a pessoa apresente alguma razão para encurtar o prazo, como histórico familiar da doença (Dra. Sathie informa que pelo Ministério da Saúde é 50 anos, enquanto pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica a recomendação é de 45 anos). O exame permite a remoção de pólipos que podem progredir para um câncer colorretal. Portanto, sua realização tem papel fundamental para a prevenção e diagnóstico precoce.
Esse diagnóstico,
segundo a Dra. Nadia, deve vir acompanhado de uma contextualização acerca da
doença. “Todas as dúvidas do paciente devem ser esclarecidas, com informações
sobre o tratamento e as chances de cura, sempre respeitando sua
autonomia”.
A associação dessas
medidas preventivas contra o câncer colorretal são essenciais para reduzir sua
incidência. Esse é o propósito da Campanha Março Azul Marinho: levar o
conhecimento para as pessoas e assegurar que elas implementem hábitos saudáveis, que aumentem sua imunidade e proporcionem
uma melhor qualidade de vida.
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Conteúdo revisado pelo Conselho Técnico da Unimed Campinas.