Normalmente durante as consultas médicas de rotina, os exames para averiguar as taxas de colesterol no sangue são solicitados.
Independentemente do resultado, existe uma certa confusão entre os termos LDL, HDL e VLDL. Para algumas pessoas, todos parecem representar a mesma coisa: que algo não está bem.
No entanto, a verdade é que o colesterol não é, necessariamente, ruim para o organismo. Pelo contrário, ele é fundamental para algumas funções básicas do nosso corpo e pode, inclusive, ajudar a manter ativos processos químicos importantes à nossa sobrevivência.
No intuito de esclarecer todos os detalhes
sobre o funcionamento do colesterol, assim como quais são os malefícios e
benefícios desse composto e, ainda, o que significa cada sigla descrita acima,
elaboramos este artigo completo sobre o assunto. Acompanhe!
O que é colesterol?
O colesterol é uma substância produzida, em grande parte, pelo próprio organismo. O fígado é o órgão responsável por essa produção e fornece a quantidade ideal para o corpo. Apenas uma pequena porcentagem de todo o colesterol necessário é proveniente da alimentação.
De forma geral, ele é muito importante no auxílio a diversas funções vitais do corpo, como na formação das "paredes" que envolvem todas as células. Por esse motivo, precisa estar presente em todo o organismo.
No entanto, o colesterol não consegue se
deslocar sozinho através do sangue, porque não é capaz de se dissolver na
corrente sanguínea. É necessário, então, que outros três componentes ajudem a
realizar esse transporte. São eles:
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A Lipoproteína de Densidade
Baixa — ou LDL, na sigla em inglês;
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A Lipoproteína de Densidade
Alta — ou HDL, também na língua inglesa;
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A Lipoproteína de Densidade
Muito Baixa — conhecida como VLDL.
Dessa forma, quando vemos um exame dividido entre colesterol LDL, HDL e VLDL, significa que o que está sendo avaliado é a quantidade que existe dessas substâncias "transportadoras" dentro do corpo.
A principal diferença entre as três é a maneira como realizam essa movimentação. O LDL é capaz de fazer o deslocamento do colesterol, porém ele o deixa cair um pouco nas artérias a cada vez. Essas pequenas quantidades "derrubadas", em conjunto com outras gorduras, tornam-se placas gordurosas que vão obstruindo os canais arteriais.
O HDL, por sua vez, além de carregar o colesterol, ao passar pelo mesmo caminho do LDL, faz uma espécie de "limpeza" nas vias. Ele pega as placas de gordura e as devolve ao fígado para que sejam purificadas ou eliminadas.
Ou seja, o HDL é muito mais eficiente em
sua função, apesar de não fazer todo o transporte sozinho. Não é à toa que o
LDL é considerado colesterol ruim e o HDL o bom, em uma comparação entre ambos.
Já o VLDL possui uma capacidade de transporte ainda menos eficiente do que o
LDL.
Quais são os malefícios do
colesterol ruim (LDL)?
Em excesso, o colesterol ruim contribui para o desenvolvimento de complicações cardiovasculares, por meio da obstrução das artérias, devido ao acúmulo de placas de gordura. Esse estreitamento dos canais arteriais interfere diretamente no fluxo adequado do sangue.
Condições de saúde como a hipertensão, o
acidente vascular cerebral e a própria aterosclerose — inflamação nas artérias
do coração ou de outros lugares — podem ser originadas ou agravadas pela
presença excessiva do LDL.
Quais os benefícios do
colesterol bom (HDL)?
O HDL exerce um papel de prevenção a esses quadros de saúde citados anteriormente, já que evita o acúmulo do colesterol nas paredes dos vasos sanguíneos. Portanto, ele deve aparecer em altas quantidades no organismo.
Além de ajudar a levar a quantidade
necessária de colesterol a todas as células do corpo, e também participar na
produção de alguns hormônios, essa molécula diminui os riscos de infartos,
derrames e outras condições relacionadas a impedimentos no fluxo do sangue,
eliminando as gorduras desnecessárias do sistema circulatório.
Quais são os valores do
colesterol?
Depois de entender as divisões e funções dos componentes que carregam o colesterol pelo corpo fica mais fácil compreender o porquê precisamos ter o HDL em maior quantidade no organismo e o LDL em níveis suficientes, evitando o excesso.
A medida usada para contabilizar as quantidades é o miligrama. Segundo a Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, em jejum, um LDL desejável estaria abaixo de 130 miligramas para pessoas com risco baixo de desenvolver complicações cardiovasculares.
Já para indivíduos com histórico familiar de níveis altos de colesterol e outras condições crônicas de saúde, como a hipertensão, as referências apontadas são menores ainda. No caso do HDL, a indicação é que as taxas estejam acima de 40 miligramas.
O colesterol total, por sua vez, é uma métrica baseada nesses dois compostos e nos níveis de uma outra substância responsável por armazenar energia no organismo, o triglicerídeo. Ainda de acordo com a Diretriz Brasileira, os valores ideais do colesterol total não devem exceder 190 miligramas.
É importante ressaltar que essas são apenas
referências para uma análise e que a leitura delas precisa vir acompanhada de
uma avaliação clínica.
Como obter o diagnóstico?
Para um diagnóstico completo e personalizado é necessário contar com uma avaliação médica e exames laboratoriais. Isso porque, mesmo com os níveis de colesterol desregulados, não existem sintomas claros sobre essa condição clínica. Ou seja, os sinais de LDL alto e HDL baixo não são perceptíveis.
O profissional médico especialista nesse tipo de análise considera vários aspectos para compor o quadro clínico. Por exemplo, ele pode observar o histórico familiar — os índices altos de LDL no sangue podem ter influência genética —, a alimentação e os hábitos de vida.
Além disso, em geral, é feito um balanço
entre o colesterol bom e ruim, os níveis de açúcar no sangue — que, se altos,
contribuem para o descontrole do colesterol — e a quantidade de triglicerídeos.
Quais os tratamentos
indicados?
Diante de um diagnóstico feito por um profissional médico, ele é quem vai indicar qual o melhor tratamento para cada caso. As orientações podem envolver o uso de medicamentos ou não, mas na maioria das vezes envolvem mudanças no estilo de vida.
Outros profissionais podem colaborar nesse
processo de controle do colesterol, como nutricionistas para adequar a
alimentação e profissionais de educação física para elaborar planos de
exercícios focados na eliminação de gordura.
Como prevenir o descontrole do
colesterol?
O HDL, em geral, pode lidar com a quantidade de LDL que o organismo produz. O que acontece é que algumas situações podem aumentar os níveis do colesterol ruim no corpo e descontrolar os processos químicos.
A alimentação é um dos fatores que impactam diretamente na quantidade de LDL. De acordo com o Guia de Alimentação Cardioprotetora, do Ministério da Saúde e Hospital do Coração, é preciso evitar alimentos repletos de gorduras saturadas, sódio e açúcares para prevenir as complicações cardiovasculares.
A preferência deve ser por frutas, verduras, legumes, grãos integrais, oleaginosas, sucos naturais e água, óleos vegetais e carnes não gordurosas — alimentos in natura ou minimamente processados.
Os ultraprocessados devem ser evitados, já que, geralmente, levam muitos ingredientes em sua composição que não são propícios ao consumo, como conservantes, compostos químicos, além de gordura saturada e trans, gorduras "ruins" que impactam diretamente no aumento dos níveis de LDL.
Outra medida importante para diminuir os níveis de LDL no organismo é a prática de atividade física. Com o exercício, evita-se o acúmulo desnecessário de gorduras e colesterol no corpo. Evitar o fumo e as bebidas alcoólicas completa o rol de boas práticas para manter o LDL e HDL controlados.
Manter os níveis de colesterol adequados contribui para o bem-estar e qualidade de vida. O organismo funciona de maneira organizada e é capaz de preservar esses índices estáveis sem intervenção — desde que não existam outras condições que interfiram e que receba a manutenção correta.
Portanto, uma boa alimentação, associada a hábitos cotidianos saudáveis e a prática de atividades físicas, já é de grande ajuda para que o corpo consiga trabalhar de forma autônoma, exercendo suas funções vitais com maestria.
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Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.