Mesmo sabendo que a vida não é eterna, temos muita dificuldade em lidar com a morte. No entanto, a finitude também traz aprendizados e nos ensina a valorizar a vida: o luto possui várias etapas que nos trazem a consciência de que o amanhã é inesperado e apenas o hoje é uma realidade.
É compreensível ter medo de morrer e de perder nossos entes queridos, mas não é saudável evitar falar sobre o tema. Afinal, a tentativa de fuga da realidade é uma ilusão. Ao encarar a finitude, estamos lidando com o real e o presente.
Neste texto, vamos explicar como funciona o
processo do luto e dar dicas de como lidar com os sentimentos desse momento tão
delicado. Boa leitura!
O que é finitude na
psicologia?
A psicologia é uma ciência que estuda o comportamento humano e desenvolve métodos e abordagens para diferentes situações. Com isso, contribui para que o indivíduo tenha amparo nos diversos momentos e emoções durante a vida, incluindo o luto.
Logo, na psicologia, vida e morte estão diretamente interligadas. Por isso, o psicólogo tem o papel de facilitar e amparar o paciente para aceitar e encarar a própria finitude e dos que o cercam, desde familiares a amigos e desconhecidos.
Com o acompanhamento psicológico, é
possível compreender a atual condição de vida. O profissional trabalha para que
o paciente encontre conforto para as suas angústias e amenize as suas dores
emocionais. Vale lembrar que cada indivíduo tem o seu próprio tempo para
aceitação da finitude da vida.
Quais alterações psicológicas
podem aparecer diante da finitude?
Os sentimentos de angústia, medo, solidão e tristeza surgem de forma mais evidente quando há uma possibilidade clara de morte, como o diagnóstico de uma doença terminal ou mesmo uma eventualidade, como acidente ou desastre natural.
O que poucos percebem é que mesmo saudáveis e seguros, podemos partir. A morte faz parte da vida, então devemos, sim, pensar sobre a finitude e aprender a lidar com os sentimentos que ela nos causa antes de acontecer, de fato.
Os principais sentimentos que acometem uma pessoa que está lidando com a morte são: tristeza profunda, sensação de impotência, inconformidade com a situação e desespero. Normalmente, eles afloram ao mesmo tempo e, caso não haja o amparo e acompanhamento necessários, podem prejudicar a vida da pessoa, evoluindo para uma depressão.
Por isso, o apoio afetivo familiar e
fraternal, além do tratamento terapêutico, são fundamentais para que o
indivíduo enfrente esse momento de forma saudável. Uma maneira de acompanhar
uma pessoa enlutada é conhecer as cinco fases do luto, definidas pela
psiquiatra suíça-americana Elisabeth Kübler-Ross:
1.
negação;
2.
raiva;
3.
barganha ou negociação;
4.
depressão;
5.
aceitação.
Vale lembrar que não há regras para viver o
luto. Cada indivíduo passa por essa experiência de forma singular, de acordo
com as suas competências emocionais e história de vida. Contudo, normalmente,
esses cinco estágios ocorrem de forma linear.
Como lidar com esse
sentimento?
Antes de tudo, é preciso quebrar o tabu de não falar sobre a morte. Certamente você já recebeu a notícia de que um ente querido ou mesmo uma pessoa pública faleceu. Se parar para observar o obituário dos jornais ou visitar um cemitério, verá que pessoas morrem todos os dias — assim como há nascimentos acontecendo a todo instante, em todos os lugares do mundo.
Após a pandemia da Covid-19, onde milhões
de vidas foram perdidas em função do vírus, tivemos que lidar com a morte de
forma mais frequente. Eventos como esse, assim como acidentes naturais ou
guerras, trazem luz ao tema e nos fazem refletir sobre a brevidade da vida.
Como diz o ditado: para morrer, basta estar vivo. Mas como encarar esse
sentimento que normalmente nos pega de surpresa?
Como agir frente a finitude e
aproveitar esse processo importante do ser humano?
Cada indivíduo tem o seu próprio caminho e tempo para processar a morte, no entanto, é importante que ele passe pelas cinco fases do luto para que alcance a sua tranquilidade interior. Fingir que não foi atingido para evitar pensar sobre o ocorrido não é saudável. É preciso externar o sentimento e compreendê-lo, tendo em mente que se trata de algo linear, e não cíclico. A estagnação pode trazer outros problemas psicológicos.
Por isso, o primeiro passo é compreender a magnitude da perda. Depois, expressar seus sentimentos e, por fim, seguir a vida. Claro que não são todas as pessoas que têm estrutura emocional para enfrentar essa explosão de sentimentos, então, em alguns casos, será necessária a ajuda profissional.
De toda forma, contar com o apoio familiar
e dos amigos próximos é uma forma de não sobrecarregar a pessoa enlutada. Ter
uma rotina, cuidar da alimentação e praticar exercícios físicos também é importante
para manter a saúde em dia. Por fim, atividades como trabalho e hobbies devem
ser retomadas de forma gradual. A partir disso, é possível traçar novos planos
e objetivos, dando ainda mais valor à vida.
Como lidar com o sentimento de
perda?
O processo de luto não é patológico. Trata-se de uma resposta emocional esperada frente a uma situação de perda. Viver o luto é um direito de todas as pessoas. A velocidade em que o indivíduo vai retomar a sua própria vida depois do acontecimento é singular, pode ser breve ou levar anos. Nesse último caso, é importante que a pessoa busque fazer terapia.
O psicólogo é o profissional responsável por conduzir o paciente enlutado pelas fases do luto. Por meio de consultas, ele pode avaliar o quadro atual e orientar o uso das capacidades internas para alcançar o ponto de aceitação da perda.
A terapia é uma ferramenta fundamental para enfrentar diferentes situações da vida, por isso, recomenda-se que ela seja feita de forma perene. Em momentos difíceis, como a vivência do luto, ela se torna ainda mais eficaz quando o paciente já é acompanhado por um profissional.
No entanto, caso desconheça totalmente essa especialidade, esse é o momento mais indicado para que tenha contato com a psicoterapia. A ajuda profissional é essencial para dividir a dor, processar o luto e buscar meios de se reerguer.
Como você viu, compreender e aceitar nossa finitude nos ajuda a entender melhor a vida. Acompanhar as diferentes fases da nossa trajetória nos possibilita refletir sobre o momento atual e sobre as nossas atitudes. Dessa forma, horas, minutos e até segundos se tornam mais importantes, pois a morte e as perdas reforçam a nossa consciência de que breves acontecimentos podem mudar para sempre o destino. Isso nos ensina a valorizar cada vez mais o momento presente.
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Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.