Uma das queixas recorrentes das pessoas com depressão se refere à falta de ânimo para fazer as coisas do dia a dia, até mesmo as que costumavam ser agradáveis. Muitas sentem, por exemplo, a disposição para cuidar da própria imagem diminuir, o que prejudica a autoestima, já fragilizada em consequência do distúrbio.
Os cuidados estéticos são essenciais para evitar essa ruptura da estima, por esse motivo, não devem ser abandonados. Além disso, cuidar da estética favorece outros processos internos importantes, como o autoconhecimento, o desenvolvimento de amor próprio e a sensação de bem-estar emocional.
Considerando a relevância do assunto,
elaboramos este artigo com informações que vão ajudar a entender melhor como
funciona essa relação. Você vai ver por
que a autoestima da pessoa depressiva é afetada e como os cuidados
estéticos podem auxiliar na sua elevação. Também ficará por dentro de algumas
dicas bônus sobre o que mais pode ajudar na autovalorização. Acompanhe!
Como fica a autoestima de quem
está com depressão?
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5 (DSM-5), um dos sintomas do transtorno depressivo que deve ser considerado é, justamente, a baixa-estima. Ou seja, as pessoas depressivas podem sentir dificuldade com o autocuidado e a própria valorização.
Isso porque a pessoa deprimida enxerga de
forma muito mais intensa as características de sua personalidade, ou aspectos
físicos que julga insatisfatórios. Essa percepção está relacionada ao modo como
a depressão altera o entendimento da realidade, pois quem sofre com esse
distúrbio tende a enxergar as coisas de um ângulo menos positivo.
Por que é importante cuidar da
autoestima?
Em primeiro lugar, porque a autoestima está muito vinculada ao autocuidado. Em geral, as pessoas com a autoestima equilibrada se preocupam em cuidar da saúde física e mental e priorizam as ações que levam a esse fim, como manter uma alimentação equilibrada, evitar situações de risco deliberado, vícios, entre outros pontos.
É por meio da autoestima, também, que estabelecemos as nossas relações com as outras pessoas e com o mundo. Quando nos valorizamos e estimamos a nossa existência, somos capazes de delinear limites mais claros sobre o que podemos aceitar ou não, assim como o que queremos de um relacionamento, seja ele afetivo, familiar ou de amizade.
Além disso, o apreço por si mesmo promove
uma sensação de paz interior e traz coragem para encarar metas e desafios
pessoais. Quem se valoriza confia no próprio potencial para encontrar as
melhores possibilidades e têm segurança de que vai conseguir alcançar os
objetivos, mesmo diante dos obstáculos.
Como os cuidados estéticos
podem ajudar pessoas deprimidas?
Além de elevar a autoestima, cuidar dos
aspectos estéticos pode proporcionar outras mudanças positivas, e a soma deles
aumenta o bem-estar emocional da pessoa que está depressiva. Veja alguns desses
benefícios.
Desenvolve o amor próprio
É por aqui que tudo começa. Ter amor próprio implica em conhecer todos os nossos pontos fortes, aqueles que precisamos melhorar, e gostar de toda essa composição.
No entanto, esse sentimento passa por uma
construção interna que é favorecida pelo nosso autoconceito e autoimagem.
Assim, os cuidados estéticos podem ajudar nesse processo de desenvolvimento ou
resgate do amor próprio.
Ajuda a melhorar aspectos que
a pessoa não aprecia
Todos nós temos algo que gostaríamos de mudar ou aprimorar. Para a pessoa deprimida, esses aspectos se tornam relevantes e sobressaem em relação aos fatores positivos, impactando diretamente a autoestima.
Por esse motivo, os procedimentos de
beleza, tratamentos estéticos e, até mesmo, cuidados caseiros com o corpo,
unhas, cabelos e pele são ótimas alternativas para minimizar essa percepção.
Essas soluções de estética ressaltam
nossas fortalezas e contribuem para uma melhor aceitação da própria imagem.
Aumenta a motivação para
socializar
A socialização é um dos desafios para as pessoas depressivas. Isso porque a depressão tira o prazer do indivíduo de fazer inúmeras atividades, inclusive estar entre as pessoas que gostava.
Às vezes, é necessário que haja um
incentivo externo para que a pessoa encontre motivação e tenha vontade de
socializar. Cuidar da própria estética pode ser esse estímulo que falta.
Estimula o autoconhecimento
O autoconhecimento diz respeito ao quanto sabemos sobre nós mesmos, e esse conhecimento pode ser tanto do ponto de vista mental, ao identificar padrões de comportamento, por exemplo, quanto no aspecto físico.
Na hora de determinar quais serão os
cuidados estéticos escolhidos, é preciso ter consciência sobre si. Você precisa
entender o próprio corpo e metabolismo, se tem alergias, qual é a estrutura do
seu cabelo, o tipo de pele — mista, oleosa ou seca —, quais as cores que
combinam mais com o seu visual, entre muitos outros fatores. Ou seja, a estética
estimula o autoconhecimento de forma ampla.
É possível manter cuidados
estéticos na depressão?
Sim, mas é preciso ter determinação e apoio para transformar as ações em hábitos. Para isso, o ideal é começar com pequenas movimentações e, conforme elas forem gerando resultados e trazendo satisfação, aumentar a frequência e variedade de cuidados.
Uma alternativa para iniciar esse processo é que a pessoa deprimida estabeleça uma rotina diária de ações estéticas, mesmo que precise anotar o que fazer. Assim, a etapa de decidir qual será o cuidado diário já fica garantida.
Na depressão, é desafiador fazer a maior parte das coisas por livre e espontânea vontade. Portanto, no início, é preciso ser um pouco insistente, ainda que a atitude não cause nenhuma reação imediata. Com o tempo, essa realidade tende a mudar.
Aliás, não existe uma regra do que fazer,
mas aqui vão algumas sugestões que costumam funcionar muito bem para elevar a
autoestima:
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Quem gosta de cuidar do cabelo
pode pensar em um corte, na mudança de cor ou até programar uma semana de
tratamentos capilares caseiros;
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Se você prefere manter a pele
viçosa, uma hidratação ou mesmo uma limpeza podem ajudar;
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Se a ideia de cuidar do corpo e
visual agrada mais, existem ótimas opções para esse objetivo, como os inúmeros
tipos de massagens corporais e procedimentos que melhoram o aspecto corporal.
A intenção é que a pessoa em depressão
encontre qual é o seu cuidado estético ideal, sem se apegar a padrões de beleza. Afinal, não somos iguais, e cada
indivíduo tem as suas preferências e características próprias.
O que mais ajuda a elevar a
autoestima da pessoa deprimida?
Além da parte estética, existem algumas
ações que ajudam a elevar a autoestima das pessoas, especialmente daquelas que
estão depressivas. Veja quais são elas:
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Se afastar de pessoas
negativas, que estão constantemente reforçando pontos negativos e podem ser
tóxicas;
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Construir uma rede de apoio de
pessoas positivas, que se alegram com as conquistas dos outros e ajudam a
melhorar o astral;
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Evitar a comparação com outras
pessoas, pois cada uma tem a sua história de vida, suas inseguranças e seus
potenciais;
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Valorizar e relembrar as
próprias habilidades e ações positivas;
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Fazer coisas que são
prazerosas;
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Ter um animal de estimação. Os
pets demonstram amor gratuitamente, independentemente de nossas inseguranças e,
ainda, são excelentes companheiros;
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Praticar exercícios físicos,
pois melhoram a disposição, o humor e o corpo.
Para as pessoas depressivas, encontrar fatores que encorajem o autocuidado e a consequente elevação da autoestima pode ser desafiador. No entanto, como vimos, os cuidados estéticos podem ser aliados importantes nesse processo.
O bem-estar emocional envolve o ser humano em sua totalidade, pensando em sua saúde física e mental, sendo importante o mesmo se sentir feliz com a sua própria imagem e autoconceito. Por isso, cuidar da estética é mais que embelezar: é valorizar o que há de belo externamente, para exaltar todas as belezas que existem internamente.
Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.