Embora o uso de alguns remédios tenha se tornado comum na sociedade ao longo dos anos, muitas pessoas sequer sabem para que eles efetivamente servem ou até mesmo quais patologias tratam. Por isso, preparamos este conteúdo para que você saiba tudo sobre medicamentos psicotrópicos.
Essas medicações são muito populares, e algumas delas figuram entre as mais vendidas do planeta. Apesar de sua utilização indiscriminada ser perigosa, elas podem ser aliadas para sua saúde quando bem prescritas e administradas adequadamente.
Ou seja, não é problema nenhum precisar de um desses remédios para tratar um problema diagnosticado pelo seu médico. Porém, somente um profissional especializado pode fazer essa prescrição de tratamento.
Quer aprender mais sobre o tema? Então, continue a leitura e informe-se a respeito!
O que são os medicamentos psicotrópicos?
O termo psicotrópico é formado pela junção das palavras psyché, que quer dizer mente, e tropos, que significa atração. Com isso, podemos entender que os medicamentos psicotrópicos são aqueles que têm seu foco de atuação no cérebro, modificando a maneira como a pessoa passa a sentir, agir, reagir e até mesmo pensar.
Esses remédios também são chamados de psicofármacos ou fármacos psicoativos, englobando um grupo de sustâncias químicas que agem sobre o sistema nervoso central do ser humano. A ideia é afetar, de forma positiva e programada, os processos mentais, as percepções, as emoções e os comportamentos, minimizando distúrbios e condições patológicas.
Naturalmente, eles só podem ser receitados por um médico para pacientes com determinadas doenças ou situações que envolvam a saúde mental. Requerem o devido e minucioso acompanhamento da terapia proposta, tanto para avaliar o sucesso da conduta, como para manejar possíveis efeitos colaterais, que podem englobar confusão, alucinações e dependência.
Seu melhor efeito só costuma ser observado com o passar das semanas depois do início da administração. Por isso, não devemos esperar que, com poucos dias de uso, haja uma melhora tão significativa, mas sim que, com o tempo, os efeitos positivos para tratar as dificuldades relacionadas ao estado psicológico comecem a ser evidenciados.
Como a venda e a comercialização de medicamentos psicotrópicos é controlada no Brasil, sendo regulamentada pela legislação vigente, fica claro que a automedicação não é permitida. Se você não sabia disso, agora já pode alertar a todos que conhece que com esse tipo de medicação não se "brinca"!
Quais são os benefícios dos medicamentos psicotrópicos?
É inegável que os medicamentos psicotrópicos apresentam diversos benefícios na medicina. Eles mudaram a maneira como muitas doenças são encaradas pela sociedade, reduzindo estigmas e proporcionando mais qualidade de vida, bem-estar e longevidade para os pacientes.
Há diversas histórias de pessoas que veem suas vidas paralisadas por distúrbios psicológicos que não são controlados. As alterações de humor dificultam a constância no trabalho ou outros compromissos, afetando até mesmo a motivação para acordar todos os dias e realizar tarefas básicas como escovar os dentes, fazer uma refeição e sair de casa.
Inclusive, esse é um tipo de problema normalmente associado à vida adulta, mas que também acomete crianças e adolescentes. Com a medicação correta, essas pessoas voltam a ter uma rotina saudável, equilibrada e produtiva. Assim, casos de depressão, transtorno bipolar e outros problemas são devidamente controlados.
Além disso, precisamos considerar o fato de que os medicamentos estão em constante evolução, tornando-se mais eficientes. A medicação adequada pode ajudar as pessoas a lidarem com seus problemas emocionais, comportamentais e quadros patológicos, quando isso tudo não é resolvido por terapias não medicamentosas.
Em casos específicos, o uso desses medicamentos se torna crônico, ou seja, duradouro e sem um prazo para acabar. Se essa for a sugestão do médico, pode ser válido pedir uma segunda opinião ou seguir a recomendação do uso contínuo, mantendo um acompanhamento periódico com o especialista.
O sucesso do tratamento vem dos conhecimentos do profissional que faz a prescrição, mas também dos pacientes (ou das pessoas responsáveis por ele), que devem se encarregar de fazer o uso adequado. O objetivo é ter o melhor resultado possível, e os benefícios poderão ser percebidos ao longo do tempo.
Como funciona a prescrição?
Por conterem fármacos de alta potência, é natural que os medicamentos psicotrópicos tenham um modo de prescrição específico. Somente um médico pode prescrever essas medicações em um receituário de controle especial, de acordo com uma lista definida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
As receitas têm um limite de 30 dias e devem conter o suficiente para os próximos 2 meses, no máximo. Além disso, é recomendado evitar a renovação automática, devendo o paciente ser acompanhando pelo médico que o está assistindo, de forma que se avalie a dosagem e a necessidade de continuar com a terapia medicamentosa.
Isto é, tudo depende do que foi determinado entre médico e paciente. As consultas são os momentos ideais para tirar todas as dúvidas e conversar sobre a periodicidade do retorno para acompanhar a evolução do tratamento.
Esse contato mais próximo com o profissional também é muito importante para oferecer um suporte extra para o próprio paciente e a sua família, principalmente em casos de doenças mais graves.
Quais doenças podem ser tratadas por esses tipos de medicamentos?
Depois de compreender melhor o que são os psicotrópicos, vamos conhecer algumas das principais doenças que podem ser tratadas com o uso dessas medicações em suas terapias medicamentosas. Acompanhe!
Depressão
Não dá para falar das doenças que podem ser tratadas com medicamentos psicotrópicos sem citar a depressão. Afinal de contas, ela vem sendo considerada o mal do século.
O estilo de vida moderno predispõe a esse tipo de problema, uma vez que estamos cada vez mais isolados, sedentários, pressionados no trabalho e deixando de lado hábitos saudáveis. É claro que questões emocionais pessoais também fazem parte das principais causas, como perder alguém especial ou passar por alguma situação traumática.
O fato é que a depressão é um transtorno cada vez mais comum. Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofram com isso. A busca pelo tratamento é fundamental, ainda mais tendo em vista que a incapacidade para desempenhar atividades consideradas normais para o ser humano e até o suicídio estão entre as consequências dessa doença.
Por se tratar de uma condição diagnosticável, muitos dos seus sintomas podem ser combatidos com uma terapia apropriada, que busque a redução da baixa autoestima, do desânimo e da tristeza esmagadora. Para isso, os médicos costumam prescrever antidepressivos e ansiolíticos, que podem apresentar resultados eficazes.
Ansiedade
Assim como a depressão, a ansiedade é um tipo de condição que vem ganhando muito espaço nos tempos modernos, uma vez que pode ser uma resposta natural do corpo humano ao estresse.
Logo, quem sofre do problema acaba tendo diversos sentimentos, muitos dos quais conflitantes, como medo ou apreensão sobre o que está por vir. As crises são os momentos de pico da sensação de ansiedade, provocando um descontrole que se assemelha a um curto-circuito no organismo. Sintomas como falta de ar, palpitação, náuseas, dores e outros aparecem como resultado de uma descarga de tensão.
Vale lembrar que uma pessoa se sentir ansiosa de vez em quando é perfeitamente normal, especialmente em situações novas, como a realização de uma prova difícil, o primeiro encontro ou uma entrevista de emprego. O problema patológico é quando a ansiedade passa a ser extrema e constante, sem um motivo justificável.
Para combatê-la, o médico costuma prescrever ansiolíticos, podendo ou não ser combinados com outros remédios. Esses medicamentos psicotrópicos agem tentando equilibrar as sensações exageradas ao agir diretamente no sistema nervoso central. Por isso, esse tipo de remédio pode causar sonolência.
Esquizofrenia
A esquizofrenia é uma das doenças que mais se beneficiaram com o surgimento e o desenvolvimento de medicamentos psicotrópicos. Como estamos falando de um quadro que pode apresentar diferentes níveis de severidade, inclusive com crises extremas de alucinações e delírios, um tratamento eficaz é bem-vindo.
O uso de medicamentos psicotrópicos ajuda a manejar as alterações cerebrais dos esquizofrênicos, que podem encontrar dificuldades para julgar corretamente a realidade, apresentando respostas emocionais complexas.
Para isso, o médico pode prescrever antipsicóticos e ansiolíticos. Por ser um transtorno mental crônico, a qualidade de vida do paciente depende muito de um bom tratamento — o que vai envolver não só a medicação, mas também alternativas complementares, como terapias ocupacionais.
Transtorno afetivo bipolar (tab)
O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é uma das condições que mais podem se beneficiar com o uso adequado de medicamentos psicotrópicos. A principal substância usada no tratamento age como um excelente estabilizador de humor, embora precise ser manejado adequadamente e usado em doses precisas.
Levando em conta que as pessoas com TAB costumam sofrer de outros problemas, como ansiedade e depressão, pode haver uma combinação de fármacos, que precisa ser muito bem pensada e acompanhada pelo médico. Isso evita a ocorrência e a frequência de episódios de mania (exaltados e energizados) ou hipomania (muito tristes).
A psicoterapia também é importante nesse contexto?
Sim. Mesmo quem não consome medicamentos psicotrópicos pode encontrar na psicoterapia um excelente recurso para lidar com as questões emocionais, que aparecem naturalmente em certos momentos da vida. Problemas no trabalho, nas relações sociais ou questões pessoais são algumas das principais dificuldades tratadas por psicoterapeutas — e com sucesso!
Quem faz o uso de medicação também deve optar pelo acompanhamento psicológico como mais uma ferramenta para superar essas dificuldades. Como vimos, o remédio age quimicamente, enquanto a psicoterapia vai ajudar cada paciente a desenvolver suas habilidades emocionais.
Por exemplo, um ansiolítico atua no controle da sensação constante de ansiedade. A partir de um maior equilíbrio nos neurotransmissores, a pessoa consegue ter uma rotina mais tranquila para lidar com tudo o que acontece em sua vida. O psicólogo é quem vai auxiliar na identificação das causas emocionais, já que elas também precisam ser tratadas.
Assim, a combinação da psicoterapia com os medicamentos psicotrópicos é eficiente no enfrentamento de uma doença ou transtorno psicológico, sendo importante entender que um elemento não substitui o outro. Nem todas as pessoas precisam da medicação, mas a psicoterapia é sempre uma boa indicação.
Quais são os principais cuidados em relação aos medicamentos psicotrópicos?
Em primeiro lugar, desconsiderar a automedicação como uma possibilidade. Essa é uma atitude muito perigosa com a maioria dos remédios. Riscos e efeitos colaterais existem em muitos casos, especialmente para os remédios controlados.
Outro cuidado fundamental é seguir à risca a dose prescrita pelo médico. Escolher uma dose inferior ou superior à que foi prescrita é uma ideia que nem deve passar pela sua mente.
Não tome esse tipo de decisão se baseando em percepções pessoais, como achar que você já se sente melhor e que não precisa do remédio, ou que a dose ingerida deve ser maior para se sentir bem. Toda vez que tiver alguma dúvida, entre em contato com o profissional responsável pela prescrição e siga exatamente o que ele disser, incluindo as referências sobre a dosagem certa e o horário.
Também não tenha medo ou qualquer tipo de preconceito sobre consumir um remédio do tipo psicotrópico quando ele foi prescrito pelo médico. Eles não são "ruins", nem representam um sinal de fraqueza. Ao contrário, eles foram desenvolvidos pela indústria farmacêutica para auxiliar as pessoas em seus tratamentos, cumprindo com eficiência seus objetivos. A verdade é que esse tipo de tratamento nos permite conquistar uma melhor qualidade de vida.
Enfim, como você pôde ver ao longo do conteúdo, os medicamentos psicotrópicos são uma parte importante da medicina e da farmacologia atual. As suas ações são essenciais não apenas no tratamento de doenças e transtornos de ordem mental, mas também na manutenção da qualidade de vida dos pacientes, desde que corretamente prescritos por um profissional de saúde.
Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.