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Saúde mental dos adolescentes: saiba como cuidar

Saúde Emocional

Saúde mental dos adolescentes: saiba como cuidar

Em 2021, a Sociedade Brasileira de Pediatria destacou a saúde mental de crianças e jovens no Tratado de Pediatria, uma publicação de grande importância, direcionada a profissionais de saúde de todo o Brasil. No mesmo ano, o Fundo das Nações Unidas (Unicef) publicou um relatório voltado para esse assunto, elegendo-o como uma prioridade a ser discutida.

Isso não é à toa: precisamos falar sobre a saúde mental dos adolescentes. Em uma fase tão conturbada, que os jovens estão mais vulneráveis, é necessário saber como atuar — enquanto parente, amigo ou profissional de saúde — para que seja possível ajudá-lo mediante um possível transtorno.

Acha essa temática interessante? Acompanhe os tópicos a seguir.

Dados sobre a saúde mental dos adolescentes

De acordo com a Organização Pan Americana de Saúde (Opas), 50% das condições de saúde mental dão seus primeiros sinais na adolescência, a partir dos 14 anos. No entanto, a maioria não é diagnosticada tampouco recebe um tratamento apropriado.

É nessa mesma faixa etária que encontramos um grande número de casos de suicídio. Segundo o Ministério da Saúde, os jovens são os protagonistas dessa estatística, que começa aos 10 anos e vai até os 29. E 96,8% dos casos estão associados a algum transtorno mental, como depressão, bipolaridade e consumo de drogas ilícitas.

Importância de cuidar da saúde mental dos adolescentes

A adolescência é uma fase de transição — nem infância, nem maturidade. É uma idade complexa, em que diversas questões entram em conflito internamente e nem sempre há amparo no círculo familiar para lidar com isso de maneira tranquila. Na verdade, muitas vezes, a própria casa é o último lugar onde esses jovens gostariam de estar — e isso influencia diretamente na qualidade de sua saúde mental.

A exploração da identidade sexual, os problemas para se relacionar, a presença nas redes sociais, o desejo por autonomia e o bullying são alguns dos fatores de risco que podem estar envolvidos no desenvolvimento de transtornos nessa fase. Eventualmente, parentes, cuidadores ou até mesmo profissionais do âmbito escolar não estão preparados para conversar sobre o assunto, dificultando a identificação e a abordagem da adversidade.

As consequências são adultos que não têm convívio familiar nem social, com resistência para interagir com amigos e colegas de trabalho e até incapazes de suprir as próprias necessidades emocionais. A pandemia de Covid-19 acentuou esse quadro, quando houve um aumento de casos de ansiedade, depressão e esgotamento mental.

Se nesse período o adolescente é encorajado a manter bons hábitos sociais e emocionais, como dormir bem, exercitar-se e ter apoio das pessoas mais próximas, ele é mais propenso a prosperar e apresentar bem-estar mental. Para alcançar esse resultado, é necessário um trabalho em conjunto, que envolve a família, a escola e os demais membros da comunidade.

Dicas para cuidar da saúde mental dos adolescentes

A Associação Brasileira de Psiquiatria sugeriu algumas ações para ajudar a proteger a saúde mental desse público. Confira algumas delas, a seguir.

Promoção do diálogo e da escuta ativa

É verdade que muitos jovens se fecham e recusam a falar sobre a sua realidade, apresentando uma resistência para contar o que lhes aflige. O estabelecimento da confiança é um desafio, pois há muitas inseguranças enraizadas. Por isso, é preciso investir tempo nessa relação para que ela o encoraje a ser honesto e aberto.

Para quem escuta, é essencial ter empatia e, sobretudo, não julgar ou menosprezar a situação vivida — mesmo que ela pareça pequena ou indigna de pesar. O adolescente que se sente ouvido se sente respeitado e ganha mais autonomia para lutar contra um possível transtorno.

Alimentação e sono saudáveis

A fase de desenvolvimento exige um organismo forte e saudável, e a alimentação e o descanso não devem ser negligenciados. É preciso conscientizá-los, desde cedo, sobre a importância de comer bem, para garantir mais energia e vitalidade. A adolescência é uma época que muitos jovens se destacam praticando esportes, e encorajar uma boa alimentação vai ajudar com isso também.

É comum que, nesse período, não haja muita organização quanto a horários. Contudo, o estabelecimento de uma rotina organizada, que respeite a hora das refeições e do sono, auxilia a manter a mente saudável.

Envolvimento em atividades prazerosas

O lazer não pode ser deixado de lado. Incentivar o adolescente a estar com os amigos, ler, ouvir música, ir ao cinema e encontrar hobbies com os quais se identifique é bom para a saúde mental.

Ele está se descobrindo e experimentando, e é nessa fase que descobre várias informações acerca de si mesmo. Portanto, o encorajamento a esse envolvimento pode ajudá-lo em seu autoconhecimento.

Administração das emoções

Em todas as épocas da vida, lidamos com situações desafiadoras em relação às emoções. Aos dois anos, por exemplo, a criança vive conflitos internos que a levam a começar as primeiras birras. A própria imaturidade cerebral e o desconhecimento das emoções favorecem esses episódios, que precisam ser tratados com paciência.

Na adolescência, não é diferente. Embora mais maduros em idade, os jovens são expostos a estresses mais complexos. Sem uma condução inteligente das emoções, esses sentimentos podem levar a um agravamento de um transtorno — ou o desenvolvimento de um. O apoio familiar e psicológico são fundamentais para lidar com esses temas de maneira mais saudável e confiante.

Reforço das relações afetivas

Uma convivência no ambiente familiar de qualidade faz muita diferença para a saúde mental de um adolescente. Ao se sentir acolhido e respeitado em casa, ele tem mais autoconfiança para manejar suas outras relações — seja com amigos, seja com conhecidos ou parceiros.

Por isso é tão importante que exista um bom relacionamento com os pais e/ou cuidadores. Se eles são presentes, amorosos e fazem sua parte para fortalecer o elo com o adolescente, é mais fácil diagnosticar um transtorno, bem como agilizar o seu tratamento.

Cuidar da saúde mental dos adolescentes é um desafio de saúde pública — e o aumento de transtornos mentais nessa idade evidencia isso. É um problema para o qual se faz cada vez mais necessários que psicólogos, psiquiatras, profissionais escolares e, principalmente, parentes, estejam preparados para lidar. Com esse esforço coletivo, teremos jovens cada vez mais saudáveis física e mentalmente para chegar à maturidade.

Os sinais de estresse na infância e adolescência exigem um olhar mais atento, não acha? Descubra como identificá-los.

Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.

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