Saber como o sistema reprodutor trabalha e
compreender o ciclo menstrual é importante para qualquer mulher. Afinal,
entender o funcionamento do próprio corpo é um passo importante para
potencializar o autocuidado e a promoção da saúde.
Com acesso a boas informações, é possível
planejar ou evitar uma gravidez. Calcular o período fértil é monitorar a janela
de tempo que torna a mulher mais propensa a engravidar.
É possível prever quando isso acontece todo
mês. Ainda que não seja um cálculo exato — visto que cada organismo funciona de
forma particular e nem todo ciclo é regular —, essa não deixa de ser uma
ferramenta para ajudar no processo. Confira os próximos tópicos e descubra como
fazer o cálculo do seu período fértil!
Como funciona cada período do
ciclo menstrual?
O ciclo menstrual é variável, mas dura, em
média, de 24 a 38 dias. Ele inicia com a menstruação e acaba assim que a
próxima começa. Trata-se de um trabalho em equipe: cérebro, útero e ovários
operam juntos, coordenando todas as fases. A fase folicular é apenas a primeira
delas, sendo seguida da ovulatória e da lútea. Saiba mais sobre cada uma a
seguir!
Fase folicular
Começa com o sangramento (menstruação). Os
folículos presentes nos ovários — estrutura onde ficam os óvulos — estão em
fase de desenvolvimento, desencadeado pelos hormônios estrogênio e
progesterona, que ainda estão em baixa concentração.
Conforme os dias vão se passando (essa
etapa dura cerca de 14 dias), a produção de estrogênio vai aumentando e, com
ela, o muco vaginal — que facilita a passagem dos espermatozoides pela cavidade
uterina. Essa fase é finalizada com o aumento do hormônio LH, fundamental para
a ovulação.
Fase ovulatória
É a menor das etapas. Dura entre 16 e 32
horas, e é nela que se inicia o período fértil. O hormônio LH induz a liberação
do óvulo, estimulando o rompimento do folículo.
O óvulo tem uma vida média de 24 horas no
organismo, enquanto os espermatozoides podem ficar vários dias ativos. É por
isso que, mesmo que a relação sexual ocorra dias antes da ovulação, a gravidez
pode acontecer.
Fase lútea
A fase lútea tem início logo após a
ovulação. Com ela, aumenta-se a produção de estrogênio e progesterona. Esse
último é um dos principais hormônios liberados durante a gravidez,
principalmente no começo da gestação, pois ele ajuda a preparar o corpo para o
desenvolvimento interno de um feto. É na fase lútea que se encerra o período
fértil e começa a tensão pré-menstrual (TPM).
O que é o período fértil?
Como dito há pouco, o período fértil diz
respeito ao ciclo ativo de ovulação da mulher. Na prática, isso significa que,
se ela tem relações sexuais ou passa por um processo de inseminação artificial
(uterina ou intracervical) devido a uma recomendação médica, há grandes chances
disso resultar em uma gravidez.
Como funciona a relação entre
período fértil e gravidez?
É importante ter em mente que, por mais que
haja uma relação entre período fértil e gravidez, visto que é o momento em que
o óvulo pode ser fecundado pelo espermatozoide, não há como ter garantias absolutas
de que o primeiro vai desencadear uma gestação.
Achar que um implica necessariamente no
outro é um equívoco e uma postura que deve ser evitada para não gerar
frustração, irritação ou autoculpabilização. Afinal de contas, disfunções no
sistema reprodutor feminino podem levar à interrupção da liberação de óvulos
mesmo no período fértil.
Um bom exemplo disso é a endometriose, mais especificamente a do tipo
tubária, como aponta artigo de 2017 da HU Revista, periódico
científico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Isso porque a
endometriose não só causa bastante sofrimento físico, por conta das fortes cólicas, como também impossibilita parcial ou
totalmente a passagem dos óvulos pelas trompas, que conectam os ovários ao
útero. Logo, não há como ignorar essas possibilidades.
Além disso, é importante que, se o casal
está tentando engravidar e ainda não obteve êxito, o parceiro consulte-se com
um médico urologista e realize o espermograma. Esse é um exame importante para
avaliar a quantidade de espermatozoides produzidos pelo homem e o quanto isso
impacta o nível de fertilidade dele.
Qual o efeito de métodos
contraceptivos no período fértil?
Fora o que foi falado até aqui, é
importante que as mulheres estejam atentas ao uso de métodos contraceptivos — e
aqui não nos referimos ao uso de preservativos ou de dispositivos intrauterinos, mas sim de
medicamentos orais e/ou injetáveis.
O motivo é bem claro: eles atuam justamente
na regulação hormonal do ciclo menstrual (graças ao aumento induzido de
progesterona/estrogênio), evitando que o período de ovulação aconteça.
Portanto, manter-se utilizando um ou mais deles vai dificultar expressivamente
as chances de uma gestação.
Outro ponto importante envolvendo os
anticoncepcionais é discutido no estudo publicado em 2020 no periódico Research, Society and Development.
Trata-se dos efeitos colaterais desses fármacos. Para se ter ideia, o uso
contínuo e prolongado deles pode ocasionar queda de libido, o que vai
dificultar o engajamento das mulheres em relações sexuais.
Para completar, podem ocorrer ainda:
hipersensibilidade nos seios, cansaço físico acentuado, alterações
significativas do humor, dores de cabeça frequentes, surgimento de quadros
depressivos e muito mais.
Diante de todas essas informações, é
importante contar com a devida orientação profissional ginecológica sobre como
proceder caso você queira suspender totalmente o consumo ou a aplicação desses
medicamentos e quais exames realizar para posterior avaliação de impactos à sua
saúde.
Como calcular o período
fértil?
Antes de explicarmos o cálculo do período
fértil, é importante destacar que, em casos de ciclos muito irregulares, esse
modelo de conta não vai funcionar, infelizmente. Se a mulher quiser informações
mais precisas, o ideal é fazer um acompanhamento com um médico ginecologista e
entender as possíveis causas da irregularidade. Fora, é claro, as intervenções
que podem ser adotadas para sanar ou, pelo menos, reduzir esse problema.
Já para quem observou que tem, em média, o
ciclo entre 28 e 32 dias, basta subtrair 14 de sua duração, com uma margem de
dois para mais e dois para menos. Vamos para um exemplo prático: em um ciclo de
28 dias, a conta se dá assim:
●
28 - 14 = 14.
Isso significa que a ovulação deve
acontecer por volta do 14º dia. Portanto, o período fértil vai se dar do dia 12
ao dia 16.
Quais são os sintomas comuns
do período fértil?
Durante os dias em que a mulher está mais
fértil, é possível que ela note alguns sinais que o corpo dela dá. Em alguns
casos, pode ser um sinal mais específico. Em outros, um conjunto de diferentes
indícios. Entre os mais comuns estão:
●
maior volume do muco vaginal;
●
aumento da temperatura
corporal;
●
inchaço nas mamas;
●
acne — causada pelas mudanças
hormonais decorrentes da ovulação;
●
crescimento da libido (isto é,
do interesse sexual).
Portanto, tenha atenção às manifestações
fisiológicas que acontecem no seu corpo. Você pode, inclusive, tentar
identificar se há um padrão de sintomas recorrentes.
O que influencia os sintomas
do período fértil?
Mesmo que a mulher tenha um ciclo regular,
há fatores que podem influenciar nisso, alterando o período fértil. O emocional
é um deles. Sabe aqueles dias em que você está mais estressada no trabalho,
lidando com muitas preocupações ou então bastante ansiosa por uma data especial
que se aproxima? Isso tudo tende a impactar no ciclo menstrual.
As emoções mexem com o funcionamento do
corpo, sendo capazes de causar alterações fisiológicas e até mesmo sintomas sem
uma causa orgânica por trás — o que é chamado de psicossomática, campo estudado
por psiquiatras e psicólogos.
Os hormônios são influenciados nesses
casos, sofrendo mudanças no ritmo do ciclo menstrual (geralmente,
retardando-o). A obesidade é outro fator marcante aqui, visto que, quanto mais
gordura a mulher ingere, mais dificuldades o corpo tem para produzir os
hormônios responsáveis pelo processo de ovulação.
Um artigo de 2022 veiculado no Repositório
Universitário da Ânima (RUNA), por exemplo, aponta que mulheres diagnosticadas
com obesidade enfrentam o triplo de chances de desenvolver infertilidade
anovulatória. Isto é, quando elas passam pelas fases do período menstrual sem
apresentar ovulação.
Condições como a Síndrome dos Ovários
Policísticos (SOP) e o consumo excessivo de alimentos como a soja — que tem
grande carga de estrogênio — também podem causar alguma alteração. Diante
disso, é importante fazer um acompanhamento médico e ginecológico para
verificar se está tudo bem.
Quais aplicativos ajudam a
controlar o ciclo?
Hoje, na palma da mão, você conta com as mais
diversas funcionalidades para tornar a sua rotina mais prática — sendo que
muitas delas são voltadas para a saúde da mulher, mais especificamente para o
período menstrual.
Estamos falando de aplicativos que ajudam a
monitorar o seu ciclo, o entendimento de cada umas das fases e até mesmo os
impactos que elas trazem para o seu bem-estar. Para completar, ao utilizá-los,
fica bem mais fácil se planejar para o período fértil. Achou interessante?
Então, veja algumas opções abaixo!
Clue
Esse é um dos apps mais populares. O Clue
tem um espaço para registrar a intensidade do fluxo, como estão suas emoções,
se você está com dores e como está a sua pele.
O layout fica a critério da usuária: pode
ser tanto o calendário tradicional quanto o rotacional. O app permite que seja
feito o monitoramento da chegada dos próximos ciclos e a variação de tempo
entre eles.
O objetivo é justamente identificar as
particularidades do seu período menstrual. Para completar, o app emite avisos
para você se programar para os seus dias férteis e de TPM. Ele também traz um
guia explicativo sobre os principais termos e conhecimentos necessários sobre o
aparelho reprodutor feminino. Caso queira baixá-lo, saiba que ele está
disponível para iOS e Android.
Flo calendário menstrual
O Flo Calendário Menstrual pode ser
encontrado nos sistemas iOS e Android. Se a mulher engravidar, ele também serve
para acompanhar a gestação com uma programação personalizada conforme a sua
dieta, o fato de ser a primeira ou a segunda gravidez, o número de semanas que
você já tem e até mesmo o seu nível de estresse na rotina.
Ele apresenta informações importantes a
respeito do desenvolvimento do bebê, saúde mental na gravidez, dicas para você
se manter ativa, banco de artigos com conteúdo informativo sobre pré-natal e muito mais.
Em relação ao ciclo, Flo disponibiliza um
calendário para registrar os dias de menstruação e um indicador da
probabilidade de engravidar durante o período da ovulação.
Ele também permite a conexão com outros
aplicativos do seu celular. No caso dos iPhones, por exemplo, você pode
integrá-lo ao app Saúde, que é nativo do iOS, para ter informações mais
precisas sobre como estão a qualidade do seu sono, frequência cardíaca, entre
outros fatores e como eles afetam o seu ciclo. Bem legal, né?
Ovia fertility
Além dos apps já mencionados, há o Ovia
Fertility. Disponível para Android e iOS, ele tem alguns diferenciais que vão além do
controle do ciclo menstrual. Trata-se de um recurso de monitoração que permite
ter um relatório mensal de como ficam suas atividades físicas, o seu humor e o
seu nível de libido quando você entra no período fértil.
Isso é importante para saber se você passa
por mudanças muito bruscas nesses aspectos, seja para sintomas em excesso, seja
para a ausência de sintomas. A partir dessa análise, você pode refletir sobre a
necessidade de investigar melhor o assunto com seu ginecologista ou mesmo se
consultar com médicos de outras especialidades.
O app ainda traz uma agenda especial,
dedicada ao controle do uso de medicações contraceptivas. Portanto, dá para
acessar o seu histórico a qualquer momento e conferir quais remédios foram
usados, a dosagem, os efeitos colaterais e qual período de tempo em que eles
foram ingeridos e/ou injetados.
Calcular o período fértil é essencial tanto
para quem deseja programar uma gestação, como para quem quer evitá-la. Por
isso, é importante ter uma compreensão aprofundada sobre o próprio corpo,
aproveitar os recursos tecnológicos que ajudam a monitorar seu ciclo menstrual
e o principal: não abrir mão dos cuidados ginecológicos com um médico
especialista. Siga as dicas dadas neste artigo e reforce ainda mais os cuidados
com a sua saúde!
Não dá para falar de gestação sem discutir
a importância do parto humanizado. Por isso, aproveite e engate a
leitura no nosso artigo sobre o tema!
Conteúdo revisado pelo Conselho Técnico da Unimed Campinas.