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Guia da vacinação de crianças: saiba tudo sobre o assunto

Viver com Saúde

Guia da vacinação de crianças: saiba tudo sobre o assunto

O Brasil possui um dos maiores programas de imunização do mundo. Funcionando desde 1973, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) tem medidas voltadas a todas as idades, com o objetivo de controlar e erradicar diversas doenças, muitas delas graves e que podem levar à morte. E não há nada mais didático do que abordarmos esse assunto pelo início: a vacinação de crianças.

Você sabe quais as vacinas indicadas para cada idade e onde levar as crianças para receberem o imunizante? Nosso guia tem informações sobre a quantidade de doses de cada vacina, a melhor idade vacinal e se as doses são aplicadas ou não pela rede pública de saúde. Confira!

Qual é a importância da vacinação para as crianças?

A vacinação infantil é fundamental para o desenvolvimento saudável e para a proteção de doenças. Por estar em fase de desenvolvimento, o quanto antes as crianças receberem o imunizante, mais cedo elas ficarão protegidas. Mesmo que tenham contato com vírus ou bactérias, os efeitos serão mínimos ou nulos.

As vacinas são compostas por antígenos que têm a função de reduzir ao máximo o risco de infecção e estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos. Esse processo é semelhante ao de quando ficamos doentes devido à exposição a vírus e bactérias, no entanto, resulta em anticorpos, e não na doença.

Esses anticorpos permanecem no organismo e evitam que a doença se desenvolva no futuro. É o que chamamos de imunidade. Além disso, é recomendado incentivar uma vida saudável, com a prática de atividades físicas e alimentação rica em nutrientes.

Quais os riscos de não vacinar as crianças?

Devido à importância das vacinas e pelo compromisso com a saúde pública, os responsáveis pelas crianças devem ficar atentos e cumprir o calendário de vacinação nacional.

Essa ação cidadã é tão importante que muitas doenças já foram erradicadas no Brasil, como a varíola e a poliomielite. No entanto, se a adesão for baixa, as doenças podem acabar voltando. É o caso do sarampo, que foi erradicado em 2016, mas voltou a ocorrer em 2019.

Além disso, a vacinação é obrigatória no Brasil, segundo o artigo 14, inciso 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): “É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”. O não cumprimento pode acarretar em penalidades, como a suspensão de benefícios do governo e até de matrículas em escolas.

As vacinas são oferecidas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e algumas podem ser adquiridas na rede particular. Mas é importante não se lembrar do assunto somente em campanhas, como a do dia 9 de junho, quando é celebrado o Dia da Imunização.

Logo após o nascimento do bebê, o responsável recebe a Caderneta de Vacinação, que vai acompanhar o recém-nascido por toda a sua infância e adolescência. E não para por aí: na fase adulta, ele receberá outro cartão de vacinas para cumprir. Em caso de dúvida, consulte o médico da família ou o pediatra que acompanha o bebê.

A cada vez que a criança for receber uma nova vacina, o responsável deve levar a Caderneta de Vacinação. Dessa forma o profissional pode verificar quais doses já foram aplicadas e registrar as novas vacinas. Outras dicas úteis para o momento da vacinação são:

        dar preferência ao turno da manhã;

        quando houver incômodo após aplicação, realizar compressa fria (nunca quente);

        se houver irritação ou reação, entrar em contato com o pediatra.

Qual é o calendário vacinal de crianças estabelecido pelo SUS?

O Programa Nacional de Imunização oferece todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). É uma referência a nível mundial por contemplar praticamente todas as vacinas existentes.

Ou seja, para manter seus filhos saudáveis, basta levá-los nos períodos indicados pelo Ministério da Saúde para realizar a vacinação. Confira como funciona o calendário por idade.

Momento do nascimento

Nessa fase, além da amamentação, a periodicidade para receber vacinas também é constante. Após o nascimento, o bebê deve receber, por exemplo, a BCG e a Hepatite B. Veja os detalhes de cada dose.

BCG

É encontrada tanto na rede pública quanto na rede privada de saúde. Ela previne contra as formas graves de tuberculose miliar e meningite tuberculosa, doenças infecciosas que afetam os pulmões. Quando não tratadas, essas doenças podem provocar sérios problemas respiratórios, além de emagrecimento, fraqueza e até mesmo levar à morte.

A tuberculose é transmitida pelo ar, por meio da fala, tosse ou espirro. Seus principais sintomas são febre, fraqueza, cansaço e perda de peso.

Normalmente, a BCG é aplicada no braço direito de forma intramuscular. Após a vacina, é normal que forme uma pequena ferida no local, podendo gerar uma secreção parecida com pus. O objetivo é a formação de uma cicatriz.

Deve ser aplicada nos primeiros dias de vida do bebê — de preferência na maternidade e, no máximo, até um mês de idade. Na maioria dos casos, resulta em uma marquinha no braço devido à reação do corpo com a aplicação.

Hepatite B

Também é oferecida na rede pública e protege contra a Hepatite B: doença infecciosa que agride o fígado, causada pelo vírus B. Deve ser aplicada, de preferência, nas primeiras horas de vida(entre 12 e 24 horas após o nascimento), para prevenir a hepatite crônica — doença que acomete 90% dos bebês contaminados ao nascer.

2 meses

É a idade em que as pequenas formações já se tornam perceptíveis e o bebê demonstra seu desenvolvimento. Abaixo, listamos as principais vacinas nesta fase da criança.

Vacina Inativada Poliomielite 1, 2 e 3

A poliomielite é uma doença contagiosa caracterizada pela paralisia súbita nos membros inferiores. Ela foi erradicada no Brasil em 12 de dezembro de 1994. Na época, o país recebeu o Certificado de Eliminação da Poliomielite, o que é motivo de orgulho até hoje. 

Mas para seguir com essa conquista, devemos continuar levando as crianças para receber o imunizante e conscientizar amigos, familiares e a sociedade em geral sobre essa ação de saúde pública. Por essa razão, todas as crianças com menos de 5 anos devem receber a vacina no dia da Campanha Nacional contra a doença.

A vacina da poliomielite é ofertada pelo SUS e divida em três doses, que devem ser aplicadas a cada 2 meses:

        2 meses — primeira dose;

        4 meses — segunda dose;

        6 meses — terceira dose.

O imunizante é composto pelo vírus dos tipos 1, 2 e 3 (VOP) e pelo vírus 1, 2 e 3 (VIP). A aplicação ocorro por via oral (VOP) e por injeção intramuscular na coxa esquerda (VIP).

Pentavalente (DTP + Hib + HB)

Essa vacina protege contra as doenças causadas pelo vírus haemophilus influenzae: coqueluche (ataca o sistema respiratório), tétano (ataca o sistema nervoso central), difteria (infecção grave no nariz e na garganta), meningite e demais infecções. As doenças também podem ser causadas pela bactéria haemophilus influenzae B (meningite) e hepatite B.

A pentavalente é uma combinação (DTP + HB + Hib) do tipo injetável, cuja aplicação é realizada em três doses: aos 2, 4 e 6 meses de idade.

Rotavírus Humano G1P1 — Vacina Oral de Rotavírus Humano (VORH)

Trata-se de um vírus da família Reoviridae, que causa infecções que agridem o estômago e o intestino. Os sintomas são febre, vômito, desidratação e diarreia grave. Os casos mais graves podem levar a óbito.

Por isso, é necessário prevenir a doença por meio das duas doses da vacina: a primeira aos 2 meses de idade e a segunda aos 4 meses. A aplicação é realizada de forma oral.

Pneumocócica 10 (valente)

Essa vacina é fundamental para proteger as crianças de bactérias do tipo pneumococo, responsáveis por causar doenças graves, como pneumonia, meningite, sinusite, otite média aguda e bacteremia. Ela é aplicada de forma intramuscular em duas doses: aos 2 e 4 meses de idade. Além disso, a criança deve receber um reforço após um ano.

3 meses

Você percebeu que, mesmo com poucos meses de vida, a criança já recebe vários imunizantes? Isso colabora para o sistema imunológico e prepara o organismo para as próximas etapas que estão por vir. Acompanhe as vacinas aplicadas aos 3 meses.

Meningocócica C

Como o próprio nome diz, o imunizante protege contra doenças causadas pelo meningococo C, como meningite e meningococcemia. Essas doenças são consideradas graves, pois provocam a inflamação das membranas que revestem o sistema nervoso central. Elas têm alto índice de morte — cerca de 15% — e tem grandes chances de trazer sequelas, como paraplegia, tetraplegia, retardo mental e perda auditiva.

Com aplicação intramuscular, a criança recebe a vacina em três doses: aos 3 e 5 meses, com reforço ao completar um ano de idade (o prazo máximo é de 4 anos).

4 meses

Nesta idade, a criança recebe mais doses das vacinas já tomadas anteriormente. São elas:

        poliomielite — VIP: segunda dose de três;

        rotavírus — VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano): segunda e última dose;

        pentavalente (DTP + HB + Hib): segunda dose de três — a próxima é o reforço;

        pneumocócica 10 (valente): segunda dose de três — a próxima é o reforço.

5 meses

Nesta idade, a única vacina recomendada é a meningocócica C, na sua segunda dose (são três no total).

6 meses

Aos 6 meses de idade, a criança começa a sua introdução alimentar, o que vai reforçar a defesa do sistema imunológico. É época, também, de tomar a terceira e última dose das vacinas poliomielite (VIP) e pentavalente (CTB + HB + Hib).

9 meses

É comum que as crianças viajem com os pais. No entanto, existem algumas regiões com maior probabilidade de doenças, como é o caso da febre amarela. Causada por um vírus da família do Flavivírus, essa doença é transmitida por meio de picadas de mosquitos.

No Brasil, a vacina contra a febre amarela é recomendada para crianças que residam ou que pretendem viajar para regiões endêmicas (áreas em que há grande incidência de uma doença), como o estado do Pará, que tem casos de malária e febre amarela. Essa proteção ocorre via aplicação subcutânea no braço e é indicada para crianças a partir de 9 meses, com reforço sugerido aos 4 anos de idade. No entanto, é possível receber o imunizante após essa data.

Muitas pessoas só buscam a vacina da febre amarela na fase adulta, quando precisam viajar para essas regiões, ou quando vão para o exterior, em países em que a vacina é exigida.

12 meses

Nesta idade, a criança recebe mais reforços, além de novas vacinas. Entre elas está a terceira e última dose (reforço) da pneumocócica 10 (valente) e da meningocócica C. Veja mais abaixo.

 Sarampo + Caxumba + Rubéola (SCR) —  Tríplice viral

Protege contra as três doenças que causam erupções cutâneas, infecção nas glândulas salivares e inchaço no rosto e no pescoço, além de febre. Sua aplicação ocorre de forma subcutânea a partir dos 12 meses de idade. É tão importante que foi capaz de erradicar a rubéola no Brasil.

15 meses

Nesta data, a criança precisa receber diferentes imunizantes. Saiba quais são eles a seguir.

 Sarampo + Caxumba + Rubéola (SCR + varicela) — Tetra viral

Segunda dose da tríplice viral (aplicada normalmente aos 12 meses de idade). Além de proteger das doenças citadas na tríplice viral, também imuniza contra a varicela, doença que causa a catapora. Leva esse nome devido ao vírus responsável pela doença: varicella-zoster.

Hepatite A

É causada pelo vírus VHA, que leva a uma inflamação do fígado e pode causar icterícia, uma espécie de coloração amarelada na pele que indica a sobrecarga no fígado. Possui uma dose única (rede pública), aplicada por via intramuscular. Na rede particular, é possível encontrar a segunda dose, recomendada com seis meses após a aplicação da primeira.

Difiteria, Tétano e Coqueluche (DTP)

Protege das três doenças a partir da aplicação de duas doses: aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Também é realizada por meio de injeção.

Vacina Oral Poliomielite (VOP)

Essa é bem conhecida devido à campanha nacional da polio e seu mascote: o Zé Gotinha. Isso ocorre porque a vacina é aplicada de forma oral em duas etapas: aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

Crianças, adolescentes e adultos

A título de curiosidade, já que estamos focando na vacinação de crianças, os adolescentes e os adultos também precisam se vacinar: é o caso da papilomavírus humano (HPV), para as meninas a partir dos 9 anos e para os meninos a partir de 11 anos, a Influenza e a Covid-19.

A partir dos 3 anos os pequenos podem receber duas doses da vacina da Covid-19, em um intervalo de oito semanas. Já as crianças a partir de 6 anos recebem o imunizante da fabricante Pfizer no intervalo de 28 dias, pela fabricante CoronaVac.

Crianças a partir de 5 anos podem ser imunizadas em duas doses (intervalo de oito semanas) com a vacina da Pfizer, ou com duas doses (intervalo de 28 dias) da vacina CoronaVac em crianças a partir de 6 anos.

Quais vacinas não entram na cobertura do sus?

A maioria das vacinas são ofertadas pelo SUS, com algumas doses sendo até mesmo exclusivas do sistema de saúde pública. Na rede privada, existem algumas equivalentes disponíveis e outras que complementam a imunização, como é o caso da Meningo B, hexavalente (DTPa), pneumocócica 13, VRH5 e Influenza.

Como você conferiu, o Programa Nacional de Imunização é completo e indispensável para todos os brasileiros. Por ser extenso em tamanho, o país necessita de projetos como esse para controlar e erradicar doenças, visando o bem-estar e a saúde da população, além da responsabilidade com a saúde pública mundial. Por isso, a vacinação de crianças é fundamental e deve sempre ser incentivada.

Gostou do conteúdo? Então confira o artigo que preparamos sobre as especificidades médicas e saiba quando contatar cada área!

Conteúdo revisado pelo Conselho Técnico da Unimed Campinas.


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