Já reparou como
algumas vezes sentimos ansiedade por comida? Nem todo mundo percebe, mas existe
uma relação entre emoções e alimentação. Um bom exemplo disso é que várias
pessoas, quando se sentem ansiosas por conta de preocupações e problemas,
recorrem a alimentos para se distraírem, passarem o tempo ou apenas se
desestressarem.
O problema surge
quando isso não só se torna um hábito constante, mas também uma necessidade
urgente. Uma verdadeira compulsão que se torna um gatilho para aumentar a
ansiedade, a irritação e o descontrole emocional.
É por este ser um
assunto importante, e que merece atenção que preparamos um artigo especial para
você. Continue lendo e entenda mais sobre o que é a compulsão alimentar, como
ela se desenvolve e como deve ser tratada.
Por que
recorremos à comida como uma recompensa?
Algumas das razões que
explicam esse comportamento são os costumes repassados de geração em geração.
Por exemplo, ao longo da história da humanidade, os momentos de decisão,
solução de problemas ou mesmo mediação de conflitos foram habitualmente
realizados sempre à mesa, para que os envolvidos pudessem se alimentar e se
hidratar.
Essa foi uma forma
simples, porém, funcional, que as pessoas desenvolveram para evitar que esses
encontros tão importantes desencadeassem discussões ou confrontos físicos.
Dessa forma, muito
mais do que apenas matar a fome ou sede, o alimento tinha o papel de distrair e
proporcionar intervalos para descanso, remediação e ponderação. Esses aspectos
faziam toda a diferença para que surgissem acordos e a paz fosse selada.
Além dessa função
apaziguadora e de escape, a comida foi frequentemente associada aos ritos
comemorativos pessoais e coletivos. A celebração de datas importantes e
festejos só ficava completa com mesas fartas para servir a todos. Portanto, a
alegria, a diversão, a interação social e a criação de memórias afetivas
positivas foram sendo cada vez mais vinculada à presença de comes e bebes.
Diante dessas
tradições culturais, os indivíduos passaram a reproduzir, desde muito novos, o
hábito de ver a comida como uma distração em dias ruins ou situações
complicadas da vida. Fora, é claro, o fato de encará-la como uma alternativa
para ficar alegre, recuperar o bom humor, melhorar a disposição e se sentir bem
emocionalmente.
Outro aspecto
relacionado aos humanos lidarem com a comida como uma recompensa é que a
alimentação, quando satisfatória e com alto teor de açúcar ou sal, tende a
liberar neurotransmissores que influenciam diretamente a nossa sensação de
bem-estar, felicidade e prazer físico. É o caso da dopamina, da serotonina e da
endorfina.
Assim, segue a lógica:
●
depois de
um dia cansativo de trabalho, as pessoas comem porque dizem merecer esse tempo
de descanso;
●
quando
estão tristes, comem para ajudar a esquecer o que causou esse sentimento;
●
quando
preocupadas, comem para esquecerem os problemas;
●
quando
estão felizes, comem para comemorar;
●
dessa
forma, tratamos a comida como recompensa para nos sentirmos melhores diante de
situações ruins e para que as boas sejam celebradas.
Qual a relação
entre ansiedade e comida?
A pessoa ansiosa
experimenta um estado constante de apreensão. Ela perde o controle das suas
próprias emoções e pensamentos, sente medo de que algo ruim pode acontecer a
qualquer momento e se preocupa em excesso, até mesmo com situações comuns do
dia a dia.
Tudo isso faz com que
ela sinta ansiedade por comida. Afinal, como você viu, o alimento vem como uma
forma de compensar tudo aquilo que uma pessoa está sentindo, seja algo negativo
ou positivo.
Explicamos que os
alimentos contêm substâncias que favorecem a liberação de neurotransmissores
que causam a sensação de prazer, bem-estar e felicidade. Uma pessoa quando está
ansiosa pode recorrer à comida com o intuito de obter esses efeitos positivos, mas
é algo que acontece de uma forma inconsciente.
A sensação de prazer e
de relaxamento que a pessoa pretende alcançar é direcionada de uma forma
inadequada para o alimento. Assim, há um consumo desenfreado para, como dito,
obter esse efeito.
Vale ressaltar que nem
sempre a compulsão alimentar tem origem na ansiedade. Mas é fato que o transtorno de ansiedade leva o indivíduo a disfarçar o seu sofrimento
ou compensar aspectos negativos por meio da alimentação exagerada.
Como identificar
a compulsão alimentar?
Para identificar a
compulsão alimentar, o primeiro passo é entender os tipos de fome que sentimos
no dia a dia. A fome fisiológica, por exemplo, é a necessidade de reposição de
nutrientes e hidratação para o correto funcionamento do corpo. Ao tê-la, você
vai comer qualquer coisa, sem restrição ou imposição de alimento A ou B.
A fome social é aquela
que surge em momentos de interação com outras pessoas, independentemente do
motivo que reuniu vocês. Ela é estimulada porque quem está ao seu redor, está
se alimentando ou te oferecendo comes e bebes. Portanto, para não ficar recusando
a boa vontade dos demais, você os acompanha.
A fome emocional, por
outro lado, não tem nada a ver com uma necessidade orgânica ou com estratégia
de socialização. Na verdade, é a alimentação motivada pelo interesse de se
distrair de preocupações, frustrações e tentar conter possíveis sentimentos de angústia,
medo, irritação e sofrimento.
É com esse tipo de
necessidade ou de ansiedade por comida que você deve redobrar a sua atenção
para observar se vem apresentando os sinais dela. Afinal, quando uma pessoa
começa a ceder a esse impulso de misturar comida e ansiedade e a repeti-lo com
frequência, o efeito obtido vai ficando cada vez mais fraco.
Com isso, é preciso
comer mais, em grandes quantidades e em uma velocidade maior para ter o impulso
atendido. Não raramente, muitos indivíduos chegam ao limite de ingerir várias
refeições até apresentar náuseas, enjoos, distensões abdominais, azia e diarreia.
Para completar, é
muito comum que, na fome emocional, você identifique o desejo de consumir um
tipo específico de alimento, como doce, bolo, chocolate, sorvete e afins. Isso
é um problema ainda maior porque a tendência é optar por alimentos que
prejudicam a saúde.
Há, ainda, pessoas que
não só demonstram interesse em comida Z ou Y, mas também em marcas de
alimentos. Isso só reforça como essa fome não é legítima, motivada por uma
necessidade de manter o corpo ativo e funcionando. Pelo contrário, é apenas uma
válvula de escape, a ansiedade por comida.
Sintomas de
compulsão alimentar
A compulsão alimentar
também pode ser identificada por meio de alguns sintomas que caracterizam esse
problema, são eles:
●
sensação
de falta de controle sobre aquilo que come;
●
ter
compulsão, pelo menos, uma vez por semana ao longo de três meses;
●
comer até sentir desconforto;
●
comer mais
rápido do que de costume;
●
ingerir
uma grande quantidade de alimento sem estar com fome;
●
preferir
se alimentar de forma isolada, longe das outras pessoas, por vergonha.
Além disso, depois de
passado esse momento de alimentação excessiva, quem tem compulsão alimentar
pode sentir culpa, tristeza ou depressão por ter comido em excesso.
É importante entender
também que, mesmo com esses sentimentos negativos, a pessoa não recorre a
nenhuma medida compensatória, como induzir o vômito ou utilizar laxantes, como
acontece em um quadro de bulimia nervosa.
Ansiedade e
comida: como controlar para combater a compulsão alimentar?
Quando uma pessoa tem
ansiedade, ela se sente apreensiva em função de algo que pode acontecer. Muita
gente classifica essa condição como sofrer por antecipação ou então sofrer pelo
futuro.
Sendo assim, é preciso
adotar algumas medidas que ajudem a trazer mais segurança e minimizar as
preocupações em excesso. Existem diversas formas de controlar a ansiedade para que a compulsão alimentar também seja
minimizada. Confira:
●
organize a
sua rotina diária para ter uma visão clara do que precisa ser feito, evitar a
sobrecarga e lidar melhor com imprevistos;
●
trabalhe o
autoconhecimento para entender as próprias emoções e a maneira como as
situações afetam você;
●
diante de
qualquer situação, procure identificar aquilo que está sentindo e por que isso
está acontecendo, para compreender os seus sentimentos;
●
procure
mudar o foco quando surgirem pensamentos intrusos e negativos que causam tensão
e nervosismo;
●
reconheça
que você também tem limites e que não precisa dar conta de tudo, para não se cobrar emexcesso;
●
adote uma
alimentação natural e mais saudável, evitando tudo aquilo que possa estimular
em excesso seu organismo, como a cafeína;
●
pratique
atividades físicas regularmente para controlar o estresse e liberar
neurotransmissores que causam bem-estar;
●
adote
tratamentos naturais, como chás calmantes, relaxantes, florais e homeopatia;
●
reserve um tempo dedescanso para recuperar
as energias e deixar a mente e o corpo relaxarem;
●
evite as
situações e atividades que você sabe que causam estresse e ansiedade;
●
prefira
evitar as bebidas alcoólicas, o tabaco e outras substâncias estimulantes;
●
pratique
uma atividade relaxante, como ioga e meditação;
●
aprenda a
controlar a própria respiração, mantendo o ritmo dela todas as vezes que você
sentir que está começando a se descontrolar;
●
faça
psicoterapia para conseguir lidar melhor com seus medos, bloqueios,
inseguranças, sentimentos e emoções.
Qual médico
procurar para tratar esse quadro?
Por se trata de uma
questão que tem origem psíquica, o médico indicado para tratar a ansiedade por
comida e a compulsão alimentar é o psiquiatra. Ele vai avaliar não só a
necessidade do uso de medicamentos e da realização de exames, mas também as
intervenções terapêuticas para ajudar você a superar esse hábito prejudicial à
saúde.
Entretanto, geralmente
esse tratamento é feito de forma multidisciplinar, a fim de tratar outros
aspectos de saúde física e mental que se relacionam com a ansiedade por comida
e compulsão alimentar. Veja, a seguir, outros especialistas que integram a equipe.
Endocrinologista
Frequentemente, também
é comum que você se consulte com um endocrinologista para averiguar e tratar
comorbidades que aparecem, em paralelo, com a compulsão alimentar. É o caso do
diabetes, da hipertensão e do hipertireoidismo.
Nutricionista
Além disso, é de suma
importância o acompanhamento nutricional para você construir novos hábitos
alimentares. A reeducação alimentar é fundamental para mudar a relação com o
alimento e equilibrar a dieta, a fim de tratar outros quadros clínicos que
tenham se manifestado em função do excesso.
Psicólogo
Não podemos nos
esquecer de que a relação de ansiedade e comida, segundo a psicologia, tem
origens emocionais. Sendo assim, uma equipe multidisciplinar conta com o apoio de um psicólogo. Esse profissional contribui para o
autoconhecimento e o desenvolvimento da inteligência emocional.
Isso é importante para
entender as raízes do problema e observar a situação sob um novo ponto de
vista. O intuito é saber lidar com as causas da ansiedade e da compulsão
alimentar da melhor forma possível.
O apoio psicológico
também é importante porque a compulsão em si pode trazer impactos emocionais e
afetivos, comprometendo o comportamento e as habilidades sociais. Logo, atua
como um trabalho de reabilitação para que a pessoa consiga aceitar os demais tratamentos
e cumpri-los da melhor maneira.
Quais os riscos
de não procurar ajuda?
Como dito até aqui, o
acompanhamento multidisciplinar com profissionais da saúde é fundamental no
tratamento da compulsão alimentar. Afinal, quando você não procura ajuda
especializada, nem adota mudanças no seu estilo de vida, crescem
consideravelmente os riscos para a sua saúde.
A começar pelo aumento
excessivo do peso, que pode levar você a desenvolver um quadro de obesidade. Já o consumo de alimentos com baixo valor
nutricional e excesso de açúcar, sódio e gordura, por exemplo, tem potencial de
estimular o surgimento de quadros de diabetes, hipertensão, colesterol alto e resistência insulínica.
Com a obesidade e as doenças crônicas listadas há pouco, você tende a ficar
mais sedentário, deixando de se exercitar e praticar esportes. Esse fator
também pode trazer efeitos negativos, como redução da resistência e força
física, problemas de articulação, má circulação sanguínea e perda de massa
muscular.
Vale, ainda, pontuar a
possibilidade de você lidar com outras questões fisiológicas, como aumento de
acne, queda de cabelo, refluxo, manchas de pele e prisão de ventre.
Além de tudo isso, há
outro ponto importante aqui: as chances de serem desenvolvidos outros
transtornos mentais (depressão, TOC e ansiedade social) ou alimentares (como
bulimia e anorexia). Essas questões vão pesar negativamente no seu bem-estar
mental e no seu equilíbrio emocional, reduzir a sua imunidade e mexer com a sua
autoestima.
Como lidar com a
compulsão alimentar?
A melhor forma de
lidar com a compulsão alimentar é reconhecer que você tem a ansiedade por
comida e buscar a ajuda de um especialista. Como você viu, é fundamental o
trabalho de diferentes profissionais para receber um suporte completo e
assistência em diferentes aspectos.
Contudo, você também
pode adotar algumas medidas para auxiliar no controle do impulso de comer. Por exemplo:
●
evite
dietas restritivas para que o organismo não sinta falta de nutrientes;
●
evite
pular as refeições para não comer em excesso nas demais;
●
coloque alimentos ricos em fibras no cardápio para aumentar a sensação de
saciedade;
●
evite ter
em casa alimentos fáceis, como as guloseimas e os petiscos;
●
pratique
atividade física para controlar a ansiedade e se sentir melhor com você;
●
mantenha o
organismo hidratado para reduzir a sensação de vazio, que pode levar à
compulsão;
●
procure se
concentrar nas suas refeições e comer com calma, mastigando bem para aumentar a
saciedade.
Como explicado, comida
e ansiedade são duas questões que se associam social e culturalmente,
tornando-se um costume comum para muita gente. Porém, é preciso ter atenção
para observar os sinais de que essa combinação está trazendo prejuízos para o
seu bem-estar físico, emocional e mental.
Dessa forma, você pode
procurar ajuda especializada para a ansiedade por comida, iniciar um
acompanhamento semanal ou mensal e repensar hábitos negativos na rotina.
Afinal, eles devem ser deixados de lado para ter mais saúde e qualidade de vida.
Na Unimed Campinas
você encontra uma equipe completa de especialistas para prevenir e tratar essas
e outras condições de saúde. Entre em contato para conhecer melhor o nosso trabalho!
Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.