Você já ouviu falar sobre fugas emocionais? Nem todo mundo conhece a expressão, mas a verdade é que muitas vezes convivemos de perto com esse problema e não sabemos disso.
A pandemia e todos os seus desdobramentos — principalmente as medidas de isolamento social — parecem ter evidenciado ainda mais essas questões relacionadas à saúde mental. O cenário de incertezas e angústias contribuiu muito para desenvolver alguns gatilhos que acabavam passando despercebidos na rotina "normal" das pessoas.
Quer saber um pouco mais sobre esse tema tão importante? Acompanhe a leitura para entender quais são as fugas emocionais mais comuns e como elas são desencadeadas, além de outras informações.
O que são fugas emocionais?
As fugas emocionais acontecem quando o nosso controle emocional é abalado por algum motivo e acabamos "descontando" esse desequilíbrio em alguma coisa, tomando atitudes impulsivas e exageradas.
Um exemplo é uma pessoa que está passando por uma situação angustiante e começa a comer descontroladamente. Fica claro que essa ação não foi desencadeada por uma sensação de fome, mas é uma consequência do quadro psicológico. A comida se torna uma espécie de refúgio emocional, mesmo que isso racionalmente não faça tanto sentido.
Outro caso semelhante é de alguém que está passando por problemas pessoais ou profissionais e desenvolve o alcoolismo para tentar esquecer momentaneamente dos conflitos. Tudo pode começar com os primeiros goles, até que o álcool passa a fazer parte do cotidiano, o que não deixa de ser uma agressão para o organismo.
Nos casos de exagero nas compras, que é outro exemplo comum na sociedade, uma complicação financeira pode surgir e colocar em risco a sobrevivência da pessoa ou até de toda a sua família. Existe muita gente endividada pela compulsão de comprar, que representa um consumismo desenfreado e irracional.
Em resumo, o grande problema disso tudo é a ação virar um hábito, impactando a saúde física e mental de qualquer pessoa. Ou seja, além das questões emocionais que ela vive, novas complicações são geradas a partir desse transtorno.
Como as fugas podem ser desencadeadas?
Cada situação é única, sendo difícil descrever o problema de forma generalizada ou dar um diagnóstico que se encaixe em todos os casos. O ponto em comum normalmente é o gatilho emocional que faz com que uma pessoa adquira um comportamento impulsivo.
Porém, o que acontece para que cada um desenvolva o problema da fuga emocional costuma ser algo bem pessoal, como:
- Descontentamento no trabalho;
- Conflitos nas relações pessoais;
- Traumas vividos no passado;
- Baixa autoestima;
- Inseguranças relacionadas ao futuro.
A verdade é que cada situação tem a sua causa, mesmo que desconhecida. E essa descoberta deve ser o passo mais importante para começar a se livrar das complicações que são geradas pela fuga emocional.
Há quem diga que é possível desenvolver comportamentos impulsivos "positivos", como começar a praticar um esporte ou trabalhar exageradamente. Então, é importante lembrar que o problema está no exagero, porque os excessos não são saudáveis e representam um descontrole emocional.
Como saber se estou exagerando?
É muito importante observar atentamente os seus comportamentos diários para identificar se há a possibilidade de estar vivendo essa situação de fuga emocional. Fatos isolados nem sempre caracterizam o problema, como uma pessoa que exagera na alimentação em determinado dia.
Quando os excessos de consumo se tornam recorrentes, é preciso olhar com mais cuidado e procurar uma solução. Confira sinais que podem ajudar a perceber o problema:
- Vontade em momentos inoportunos;
- Sentimento de profundo relaxamento apenas após o consumo;
- Sensações de ansiedade e nervosismo;
- Dificuldade para dormir;
- Mau-humor;
- Incapacidade de controlar as emoções e decisões;
- Impulsividade e arrependimento.
O hábito de observar e questionar suas atitudes ajuda bastante. Por que estou fazendo isso? Com que frequência essa minha vontade de consumir em excesso aparece? Minhas ações estão sendo racionais ou levadas pela emoção? Quais são os gatilhos que podem estar despertando esse tipo de reação?
Enfim, essas são algumas indagações que devem ajudar a mapear a situação. Para uma análise mais real e profunda, é claro que o ideal é procurar ajuda especializada.
Como, onde e por que procurar ajuda?
A atitude de buscar ajuda é fundamental para não ter um problema cada vez maior em mãos. As consequências vão se agravando com o passar do tempo e podem atingir níveis muito preocupantes. As fugas emocionais causam alcoolismo, dívidas, depressão, obesidade, entre várias outras complicações.
Por isso, procurar auxílio é o melhor a fazer para sair desse ciclo vicioso. Tratar as fragilidades emocionais que estão por trás da fuga é o passo mais importante que uma pessoa pode dar para se livrar dessa situação problemática. Talvez isso leve um tempo, mas o que importa é não deixar passar.
Profissionais da saúde como psicólogos e psiquiatras são os mais indicados para analisar cada caso, encaminhando os pacientes para o tratamento adequado. Pode ser necessário tomar medicamentos, iniciar o processo de psicoterapia ou tomar outras medidas para abandonar o comportamento ligado ao consumo excessivo.
Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.