Você sabe como ocorrem os relacionamentos
abusivos? Esse é o nome dado para relações que apresentam uma série de
problemas de caráter emocional, mental e físico.
Manipulação, tentativa de domínio sobre o
outro e falta de reconhecimento da individualidade alheia são alguns exemplos
que retratam bem como isso acontece na prática.
Além disso, os relacionamentos abusivos
podem ocorrer em diversas esferas da vida e nas mais variadas situações. É por
esse motivo que, muitas vezes,
passam despercebidos, porém, não deixam de causar mal-estar nas vítimas.
Ficar de olho nos sinais que configuram
abuso em uma interação social é importante para saber o momento certo de agir e
evitar consequências graves, tanto no que diz respeito ao bem-estar físico como
mental.
Por essa razão, neste post, vamos falar
sobre o que é um relacionamento abusivo,
em que situações ele ocorre e como lidar com esse problema. Acompanhe e saiba
mais sobre o assunto!
O que é relacionamento
abusivo?
Nem todas as pessoas sabem exatamente o que
é um relacionamento abusivo, por isso, é comum que ele seja associado somente
aos casais. No entanto, como dito na introdução, essa situação pode ocorrer em
diferentes esferas.
Um relacionamento abusivo é aquele em que existe uma desigualdade entre os envolvidos.
Nele, ocorrem manipulações e situações que fazem com que a pessoa se sinta
aprisionada, constrangida, dependente, reprimida ou inferiorizada.
Sendo assim, nesse tipo de relacionamento, uma das partes tenta se impor à outra de forma física, moral e/ou
psicológica. Existem tentativas de dominação que sempre colocam um acima do
outro.
É por isso que essa situação envolve várias
esferas da vida de uma pessoa e pode acontecer com qualquer um. Embora ganhem
maior evidência nas relações amorosas, os relacionamentos abusivos também são bastante comuns no ambiente de trabalho,
podem acontecer entre irmãos ou familiares e até mesmo entre amigos e colegas.
Fazer com que uma pessoa passe por
constrangimento em público, interromper enquanto ela está falando e não aceitar
questionamentos são mais alguns sinais desse tipo de abuso. Não podemos
esquecer, é claro, que também ocorrem agressões físicas.
Mas é importante ressaltar que nem sempre a
relação abusiva vem com um sinal evidente de violência. Ela pode acontecer
com um toque de brincadeira, como entre amigos ou colegas. Exemplo disso é o bullying, um tema muito em alta e que
tem acontecido com frequência nas escolas.
Em que situações podem acontecer
relacionamentos abusivos?
Lembra-se de que falamos que diversas
situações de abuso são discretas e silenciosas? Isso ocorre, principalmente,
devido às várias formas como esse problema pode se manifestar. Sendo assim,
confira alguns tipos de relações que podem se estabelecer de maneira não
saudável.
No amor
Relacionamentos amorosos geralmente são os
primeiros que vêm à mente ao se falar de relacionamento abusivo, certo? Quando
o assunto é interação romântica, cada pessoa
tem uma forma diferente de agir e traz consigo uma espécie de bagagem
de todas as experiências já vivenciadas.
Desse modo, algumas relações podem tender
para um desequilíbrio em que, pelo menos, uma das partes atua de forma a
humilhar, constranger ou simplesmente ser desagradável. Vale ressaltar, no
entanto, que em diversos relacionamentos é possível que ambos ajam de forma
abusiva, ainda que com atitudes distintas.
Por isso, é importante ter em mente os
diferentes tipos de abuso que podem ocorrer em um relacionamento amoroso, como:
●
moral — exposição da intimidade,
excesso de mentiras, ciúmes exagerados, críticas desonestas, controle sobre a
forma como a outra pessoa se veste ou fala, ofensas, entre outras atitudes que
difamam o parceiro;
●
psicológico — ameaças, manipulação,
chantagem emocional, vigilância, cerceamento da liberdade e gaslighting (tentativas de fazer a
outra pessoa duvidar da própria sanidade mental) são exemplos desse tipo de
abuso;
●
patrimonial — controle unilateral
de bens, como dinheiro, documentos e imóveis, sem que haja o consentimento de
ambas as partes, também é uma atitude abusiva;
●
físico — agressões e lesões
propositais, mesmo com pedidos de desculpas após o episódio, são um tipo de
abuso;
●
sexual — relações sexuais não
consentidas também podem acontecer em relacionamentos românticos, assim como
outros abusos, como indução de aborto, impedimento de uso de métodos contraceptivos e casamento forçado.
No trabalho
Não é incomum encontrar situações abusivas
no ambiente de trabalho. Na maior parte das vezes, essas interações negativas ocorrem entre líderes
e liderados. A falta de preparação de gestores, gerentes ou outros
profissionais que ocupam posições de liderança costuma ser o maior causador
desse problema.
Abuso de poder, delegação exagerada de
tarefas, descumprimento de horários de trabalho, comentários desnecessários e
ofensas são algumas das atitudes que acontecem nesses casos e merecem atenção.
Nas amizades
Amizades em que a interação é desigual não
são saudáveis e podem gerar consequências negativas, como baixa autoestima,
fobia social, dificuldade de se expressar, entre outras.
Nesse caso, é comum acontecerem excessos de comparação, críticas abusivas,
ofensas diretas, mesmo que sejam camuflados de conselhos, entre outras
situações que provocam desconforto em uma ou mais partes da relação.
Como ocorrem os
relacionamentos abusivos?
Como mostramos, existem diversos traços em
comum nos relacionamentos abusivos, independentemente da situação em que
ocorrem. Por isso, prestar atenção em alguns sinais de alerta ajuda a
identificar quando esse tipo de interação está acontecendo.
Por exemplo, quando há a tentativa de
dominação ou de controle sobre outra pessoa, na maioria das vezes, é um caso de
interação abusiva. Afinal, esse tipo de atitude faz com que as vítimas não possam desfrutar da própria liberdade,
sintam-se acuadas ou sejam coagidas a agir de uma maneira não usual.
Quer mais um exemplo? Provavelmente, em algum
momento da sua vida, você já deve ter se deparado com uma pessoa colocando
a outra para baixo. Comentários que interferem na autoestima dos outros e
atitudes que desmerecem as qualidades alheias são ilustrações e também alertas
para eventos abusivos.
As ameaças não poderiam ficar de fora dessa
lista, no entanto, vale observar que nem sempre elas são explícitas, afinal, é
natural associar essa palavra a tentativas de agressão física. Ocorre que
atitudes ameaçadoras podem ir muito além disso. Basicamente, são intimidações
que partem de uma pessoa, colocando
em risco algo que o outro estima, como sua liberdade, seu emprego, sua
integridade física, entre outros.
Já as atitudes humilhantes são ainda mais
fáceis de serem reconhecidas. Isso acontece porque elas fazem com que as
vítimas passem por um constrangimento exacerbado, podendo provocar o
sentimento de vergonha também nas pessoas que assistem ao episódio abusivo.
Quais são os principais sinais
de alerta de um relacionamento abusivo?
Como dito, nos relacionamentos abusivos, os
sinais podem passar despercebidos. Isso porque eles costumam acontecer de forma
discreta e sutil, muitas vezes, em forma de
comentários que vêm camuflados de uma tentativa de ajudar a outra pessoa.
É por isso que nem sempre quem está nesse
tipo de situação consegue perceber o que está acontecendo. Em alguns casos, a
vítima atribui esse tipo de comportamento simplesmente à personalidade do
outro, entendendo como algo normal.
Mas é muito importante conseguir perceber
quando se está em um relacionamento abusivo para poder buscar formas de sair dessa situação. A seguir, apresentamos alguns
dos principais sinais de alerta das relações abusivas para você ter consciência
de como acontecem em diferentes esferas.
Superproteção
Pode parecer que a superproteção é uma
postura de grande cuidado, generosidade e muito afeto pela outra pessoa, mas
isso não é verdade. Esse tipo de comportamento pode fazer com que aquele que
está sendo supostamente protegido fique preso em uma teia.
Nos relacionamentos abusivos, a
superproteção coloca a vítima em uma
posição de incapacidade, como se ela não pudesse cuidar de si mesma, se
desviar de perigos ou tomar as suas próprias decisões. Assim, ela fica
totalmente dependente do outro.
Perceba que esse sinal de relacionamento
abusivo pode acontecer tanto nas relações amorosas quanto entre pais e filhos, além de entre irmãos. O
excesso de zelo que se tem para com o outro nem sempre é uma demonstração de
preocupação ou de carinho, mas pode ser uma tentativa de controle e dominação.
Violência psicológica
Um sinal muito típico dos relacionamentos
abusivos é o fato de que o agressor, em alguns momentos, pode ser uma pessoa
muito gentil e encantadora e, em outros, agressiva, violenta e chantagista.
Assim, há episódios que variam entre
elogio e depreciação, fazendo com que a vítima fique fragilizada e sem reação.
É muito comum de se manifestar durante
conversas nas quais alguns comentários causam perturbação e impedem reações.
Alguns exemplos desse tipo de violência são:
●
pouco caso das conquistas da
vítima;
●
ridicularização dos gostos ou
opiniões;
●
transferência de culpa para a
vítima pelas atitudes do agressor;
●
justificativa da atitude
desequilibrada em função de estresse;
●
imposição de vontades;
●
comentários que causam
insegurança, redução da autoestima e medo.
Ameaças ou chantagens
Esses são sinais mais evidentes dos
relacionamentos abusivos e podem acontecer de diferentes maneiras. Nas relações
entre casais, por exemplo, um dos dois pode ameaçar abandonar o outro ou levar
os filhos para longe se a pessoa continuar com uma determinada amizade ou
atitude.
Nos relacionamentos que já terminaram, o
agressor pode chantagear ou ameaçar a vítima dizendo que vai expor intimidades
se a relação não for retomada. No trabalho, o profissional pode sofrer pressões
e cobranças excessivas por produtividade e entrega de resultados, fazendo
entender que, do contrário, ele poderá ser demitido.
Perceba que são comportamentos que retiram o poder de escolha do outro. Eles forçam
a vítima a se submeter à vontade do agressor para não sofrer uma consequência
negativa.
Exigências de mudança
Nas relações amorosas, é comum que o
agressor, seja de forma sutil, seja de maneira evidente, peça para que a vítima
mude de alguma forma. Pode ser em relação às roupas que usa, sua aparência
física, maneira como se comporta ou quanto às relações sociais.
Os pedidos de mudança também podem acontecer nas amizades,
quando uma das partes, com a desculpa de tentar ajudar o outro, diminui a sua
autoestima, dizendo que a pessoa precisa se atualizar, se vestir melhor, falar
de outro jeito ou “deixar de ser boba”.
Em resumo, existe um desrespeito ou uma não aceitação com relação ao modo de ser da vítima,
fazendo com que ela acredite que o seu jeito de ser ou de agir é inadequado e
prejudicial.
Qual é a melhor maneira de
lidar com relacionamentos abusivos?
Antes de tudo, é importante ressaltar que
não existe uma estratégia que dê certo para todas as pessoas, tendo em vista
que cada relacionamento apresenta as suas particularidades. Sendo assim, tenha
em mente que as formas de lidar com situações abusivas são muito individuais.
Contudo, o que é recomendado a todas as
pessoas é o afastamento sempre que uma interação trouxer muito desconforto ou
permanecer desagradável por muito tempo. Além disso, é importante contar com uma rede de apoio, sempre
que possível, como família, amigos e pessoas em que se pode confiar,
sem medo de julgamentos.
Receber a ajuda de profissionais especializados também é um ótimo passo.
Afinal, relacionamentos abusivos podem gerar diversas consequências psicológicas, como traumas,
inseguranças, estresse, ansiedade e, inclusive, dependência.
Quando esses resultados negativos de
interações sociais não recebem a devida atenção, podem evoluir para transtornos
psicológicos mais graves, como depressão, baixa autoestima severa, entre
outros.
Quando procurar ajuda?
Como você pôde perceber, relacionamentos
abusivos são bastante complexos e podem causar danos graves às vítimas. Além
disso, muitas vezes, ocorrem de forma discreta, sendo difícil, principalmente
para as pessoas que estão na situação, identificá-los. Por isso, é fundamental abordar esse assunto no ciclo
social e conscientizar todos em volta sobre as diferentes formas de
abuso.
A conscientização auxiliará a vítima a
identificar a situação pela qual está passando e, a partir disso, ela poderá
buscar informações sobre como sair do relacionamento abusivo, entendendo que é
necessário procurar ajuda.
Ela é fundamental quando a pessoa já não
consegue lidar com a situação sozinha, quando o agressor já a envolveu em uma
teia difícil de ser desfeita e existe risco de violência física. Também é muito
importante nas situações em que o abuso está provocando impactos emocionais, psicológicos e sociais
negativos, interferindo em outras esferas da vida.
O tipo de suporte depende de cada caso e da
maneira como o abuso vem acontecendo. Quando se trata de abusos contra
mulheres, por exemplo, é possível recorrer à Central de Atendimento à Mulher, disponível por meio do telefone
180, que também recebe denúncias de terceiros. É possível recorrer, ainda, à
página da Ouvidoria Nacional de Direitos
Humanos ou então denunciar pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil.
No entanto, existem situações em que a
pessoa não está sob risco de agressão ou violência maior, mas precisa de apoio
para se conscientizar da situação e reforçar a autoconfiança e a autoestima.
Nesse caso, é válido procurar ajuda psicológica e social. As
prefeituras oferecem esse tipo de suporte por meio de órgãos como CRAS (Centro de Referência de Assistência
Social), CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e
CRMs (Conselho Regional de Medicina). Mas vale ressaltar que o indivíduo
precisa reconhecer esse tipo de relacionamento para poder tomar uma atitude e
sair dele.
Lembre-se também de que o apoio é
indispensável para lidar com um relacionamento abusivo. Por isso, se você
estiver presenciando ou conhece alguém que passa por esse tipo de situação, não tenha vergonha de pedir ajuda.
Afinal, sempre é possível encontrar suporte e superar as dificuldades, criando
vínculos com pessoas que se preocupem com o seu bem-estar.
Essas e outras situações podem causar esgotamento físico e mental, sabia? Conheça os sintomas dessa condição para aprender a identificá-la também.
Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.