Se no passado os transtornos mentais não recebiam a atenção e o cuidado que merecem e nem mesmo eram discutidos publicamente, hoje, ganham espaço nas discussões sociais e são vistos como um assunto de interesse público. Um exemplo é o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), um tema que gera dúvidas e o interesse das pessoas.
Sabemos que o bem-estar psicológico é uma parte essencial da saúde e da qualidade de vida das pessoas, logo, conhecer esses problemas, suas características e como funciona o tratamento indicado para cada condição é fundamental.
Pensando nisso, fizemos este post para
esclarecer o que é TOC, tirando todas as suas dúvidas sobre essa condição.
Confira!
O que é TOC?
TOC é um transtorno que pode ser desenvolvido em qualquer fase da vida, inclusive na infância. Ele é marcado pelo desenvolvimento individual ou simultâneo de uma ou mais obsessões/compulsões, causando bastante sofrimento psicológico.
A obsessão, em particular, está relacionada a episódios de pensamentos desconfortáveis e angustiantes, que dificilmente podem ser ignorados. Eles se fazem presentes na rotina, sem aviso prévio, atrapalhando afazeres, compromissos e, inclusive, os momentos de ócio da pessoa. Em decorrência desse quadro, surge a compulsão.
A compulsão, por sua vez, é um conjunto de comportamentos ou práticas que são
realizados repetitivamente (e, por vezes, de forma exaustiva, tanto física
quanto mentalmente). Isso porque a pessoa tem a percepção distorcida de que, ao
fazer isso, vai ter algum alívio do mal-estar e da preocupação causados pelas
já mencionadas obsessões.
Quais são os sintomas do TOC?
Os sintomas do TOC envolvem três pontos principais. A começar pela manutenção das obsessões/compulsões. Ou seja, elas não são pontuais. Ao contrário, se desenvolvem e permanecem ao longo do tempo, sendo vivenciadas no dia a dia.
O segundo ponto é que essas obsessões/compulsões são um incômodo que tomam tempo — e não estamos falando de meros segundos ou minutos. São horas perdidas ao longo do dia, em que o sujeito fica remoendo aqueles pensamentos indesejáveis e/ou reproduzindo incontáveis vezes as compulsões necessárias para conter e relaxar a mente.
O terceiro ponto tem a ver com o exercício dos comportamentos e práticas compulsivas. É comum que a pessoa desenvolva um verdadeiro ritual para atender à obsessão/compulsão que tem. Isso envolve ter etapas a seguir, regras do que falar, fazer e pensar, objetos a usar, locais onde se deve estar e muito mais.
Tudo isso é preciso ser seguido à risca,
nos mínimos detalhes. Do contrário, por mais que a compulsão seja efetivada, o
indivíduo pode sentir que aquilo que teme ou com o qual se preocupa vai
continuar.
Quais os principais exemplos
de TOC?
Como esclarece o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, adotado para a prática internacional de avaliação psicológica e psiquiátrica em saúde mental, não há um grupo específico de obsessões/compulsões quando se trata de TOC.
Elas podem ocorrer das formas mais diversificadas
a depender do estilo de vida, da história, da cultura e também do contexto
social nos quais o indivíduo está inserido. Porém, existem algumas que são mais
frequentes e facilmente distinguíveis em quem recebe o diagnóstico desse
transtorno. Essas obsessões/compulsões envolvem, por exemplo:
●
obsessões com limpeza,
que geram compulsões por manter espaços, coisas, animais ou mesmo pessoas
(incluindo a si mesmo) dentro de um excessivo padrão de higiene;
●
obsessões com padrões simétricos, que geram
compulsões em deixar objetos minimamente alinhados, enfileirados, dispostos em
uma sequência específica etc.;
●
obsessões com exposição a supostos perigos que a
pessoa ou os demais podem vivenciar (como a preocupação de sofrer acidentes,
ser vítima de criminalidade ou presenciar catástrofes naturais), que geram
compulsões por zelar pela segurança, verificando recorrentemente potenciais
ameaças.
Como fazer o diagnóstico do TOC?
É preciso passar por uma avaliação clínica com um profissional habilitado para investigar não só o quadro de sintomas e como se dão a obsessão e a compulsão no cotidiano, mas o histórico dessa condição, ou seja, quando começou, quais são as situações desencadeadoras do TOC e os problemas causados na qualidade de vida da pessoa.
Para tanto, há duas alternativas: procurar um psiquiatra e/ou um psicólogo. Lembrando que, além dessa análise, também é investigada a possibilidade de haver outros transtornos mentais, afinal, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais destaca que mais de 75% das pessoas com TOC acabam apresentando um ou mais transtornos ansiosos, enquanto mais de 60% desenvolvem algum tipo de depressão.
Portanto, é fundamental uma investigação
aprofundada para descartar potenciais complicações do quadro e, acima de tudo,
permitir um tratamento mais eficiente e adequado ao que o paciente tem.
Como é feito o tratamento para
TOC?
Inicialmente, orienta-se a introdução de medicamentos psicotrópicos que auxiliem na remissão dos sintomas e no sofrimento mental. Em conjunto, psicoterapia auxilia diretamente na percepção de que os pensamentos obsessivos não têm a dimensão real que aparentam ter e não oferecem riscos concretos para o sujeito.
Na verdade, são distorções da realidade que
podem, por meio das técnicas psicoterápicas, ser compreendidas, devidamente
identificadas e trabalhadas para acontecerem cada vez menos, algo essencial
para a pessoa enfrentá-las e superá-las.
É possível curar TOC?
Não há cura para esse transtorno, mas existe estabilidade do quadro, portanto, um tratamento disciplinado e contínuo, fruto de psicoterapia regular e da administração de medicação adequada, contribui para reduzir os impactos das obsessões e compulsões da pessoa. Isso porque ela terá cada vez mais autonomia e equilíbrio emocional para identificar, controlar e, em especial, neutralizar os sintomas gerados, que tanto afetam a saúde mental de quem tem TOC.
Inclusive, é importante dizer que, ao fazerem o tratamento, muitos indivíduos conseguem recuperar a autoestima e a autoconfiança para retomar a rotina pessoal, profissional e acadêmica, dando gás em todas essas áreas. Isso é possível porque eles voltam a ter qualidade de vida e, o principal, a se sentirem funcionais.
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) prejudica o cotidiano e gera sofrimento emocional constante por meio dos sintomas do quadro. No entanto, é um transtorno que pode, sim, ser tratado e ocasionar o mínimo de impacto possível no bem-estar físico e mental da pessoa. Por isso, é importante se manter informado para ser capaz de perceber possíveis mudanças em pensamentos e comportamentos da rotina.
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Conteúdo revisado pela equipe de Medicina Preventiva da Unimed Campinas.